Filho de Joaquim Barbosa Cordeiro de Farias, militar que foi transferido para o Rio Grande do Sul para trabalhar na pacificação da
Revolução Federalista e que lá permaneceu por alguns anos. Em
1906 com a transferência de seu pai para o Rio de Janeiro, foi lá matriculado no
Colégio Militar, onde realizou todos seus estudos. Sentou praça aos 16 anos na 4a Companhia de Infantaria no Rio.
Em
1917 ingressou na
Escola Militar do Realengo, sendo, dois anos depois, declarado oficial de artilharia. Seria ainda promovido, em sua carreira militar, segundo-tenente (
1920), primeiro-tenente (
1921), capitão (
1930), major (
1931), tenente-coronel (
1933), coronel (
1939) e general-de-brigada (
1942). Cordeiro de Farias fez curso de observador aéreo na Escola de Aviação Militar, aperfeiçoamento de oficiais (1º lugar) na Escola de Armas, cursou a Escola Superior de Guerra; e estagiou na Escola do Estado Maior do Exército Americano.
Cordeiro de Farias participou das conspirações que precederam a deflagração do levante armado de julho de
1922 contra o governo federal, que deu início ao ciclo de
revoltas tenentistas. Fazia curso de observador aéreo na Escola de Aviação Militar e foi incumbido de fabricar bombas caseiras a serem atiradas dos aviões. Apesar de não ter participado diretamente dos combates, acabou sendo preso por três meses na Fortaleza São João no Rio de Janeiro. Em seguida, no mesmo ano, foi transferido sucessivamente para
Santa Maria,
Rio Pardo e
São Gabriel.
Em outubro de
1924, participou do levante tenentista deflagrado em
Uruguaiana, liderado por
Honório Lemes. No mês seguinte, derrotado pelas forças de
Flores da Cunha, recuou com 30 homens em direção à fronteira com a
Argentina, onde acabou por se exilar. Lá conheceu outros tenentes revolucionários, João Alberto e
Antônio de Siqueira Campos. Juntos se dirigem para o Rio de Janeiro, em seguida descendo ao Rio Grande do Sul, onde se juntou aos demais contingentes rebeldes do estado, reunidos sob a liderança de
Luís Carlos Prestes e
Miguel Costa.
Os rebeldes gaúchos acabariam se retirando para o estado do
Paraná, onde se juntaram aos remanescentes do levante deflagrado no mês de julho, em
São Paulo. Da unificação desses dois grupos nasceu a
Coluna Prestes, exército rebelde que, sob o comando do militar gaúcho que lhe deu o nome, promoveu, nos dois anos seguintes, uma guerra de movimento pelo interior do país contra as tropas fiéis ao governo federal. O movimento chegou a transpor as fronteiras do
Paraguai, após voltando a adentrar o território brasileiro. Cordeiro de Farias teve atuação destacada na Coluna, comandando um dos quatro destacamentos que a compunham.
Em fevereiro de
1927, já desgastados pela longa campanha e sem perspectivas de vitória, os líderes da Coluna resolveram encerrar aquela fase da luta e abandonaram o território brasileiro, internando-se na
Bolívia. No ano seguinte, Cordeiro retornou ao Brasil clandestinamente e deu prosseguimento às atividades conspiratórias, tendo sido, então, preso. Por um erro da denúncia seu processo não foi enviado à São Gabriel, onde havia servido, mas sim à
Uruguaiana, onde lutou com
Honório Lemos, mas onde também não existia nenhuma acusação contra ele. Foi, portanto, absolvido pelo então
Supremo Tribunal Militar. Regularizada sua situação, retornou ao Exército, ingressando no curso de engenharia do
Instituto Geográfico Militar, sem deixar, contudo, de conspirar contra o governo.
Em
1930, participou do movimento revolucionário conhecida como
Revolução Liberal, que depôs o presidente
Washington Luís e impediu a posse do novo presidente eleito,
Júlio Prestes. Integrou, nessa ocasião, o comando da insurreição em
Minas Gerais. Com a vitória do movimento e a posse do novo governo liderado por
Getúlio Vargas, foi lotado no gabinete do ministro da Guerra, general
Leite de Castro. Em maio de
1931, foi transferido para
São Paulo, assumindo a chefia de polícia daquele estado. Permaneceu no cargo até junho do ano seguinte, um mês antes da deflagração do movimento constitucionalista pelas forças políticas tradicionais de São Paulo, que exigiam a reconstitucionalizaçào do país e a recuperação da autonomia estadual, com o afastamento dos tenentes que vinham exercendo influência na política paulista. Colaborou então no combate à insurreição e, no ano seguinte, voltou a ocupar a chefia de polícia do estado. No
Estado Novo, foi, ainda, chefe do Estado-Maior da 5ª Região Militar, sediada em
Curitiba.
Em
1935, de volta ao
Rio de Janeiro, deu combate a
Intentona Comunista, levante militar deflagrado por elementos de esquerda ligados à
Aliança Nacional Libertadora e liderado pelo antigo comandante de Cordeiro de Farias, Prestes. Em
1937, foi transferido para o
Rio Grande do Sul, onde assumiu a chefia do estado-maior da 3ª Região Militar, sediada em
Porto Alegre, sob o comando do general
Manuel de Cerqueira Daltro Filho. Participou, então, da campanha movida por Vargas para afastar o governador
José Antônio Flores da Cunha, que acabou sendo substituído pelo comandante da 3ª Região Militar. Após a morte de Daltro Filho, Vargas nomeou Cordeiro de Farias como interventor federal no Rio Grande do Sul. Por estar no
Rio de Janeiro, o cargo foi assumido interinamente por dois meses por
Joaquim Maurício Cardoso, tendo Cordeiro de Farias assumido em
4 de março de
1938. Em sua administração, devido às tensões da
Segunda Guerra Mundial, determinou que todas as escolas alemãs do estado se nacionalizassem.
Em
1942, chegou ao generalato. Em setembro do ano seguinte, deixou a interventoria gaúcha para integrar-se na
Força Expedicionária Brasileira (FEB). Em setembro de
1944, viajou para a
Itália, onde participou das principais batalhas em que a FEB esteve envolvida na Segunda Guerra Mundial.
A volta ao Brasil ocorreu em
1945, seguida de novas articulações políticas. Seu nome chegou, então, a ser cogitado como candidato a presidente da República. Em outubro daquele ano, participou do golpe militar que afastou Vargas do poder e extinguiu o Estado Novo. Participou do Governo do presidente
Eurico Gaspar Dutra, como adido militar à Embaixada do Brasil em
Buenos Aires. Em
1949, foi nomeado comandante da recém-criada
Escola Superior de Guerra (ESG). Em maio de
1950, foi derrotado nas eleições para a diretoria do
Clube Militar, em disputa marcada por forte conteúdo ideológico. Cordeiro representava a corrente que defendia a participação do capital estrangeiro na exploração do
petróleo brasileiro, enquanto que a chapa vitoriosa, liderada por
Newton Estillac Leal, representava os setores nacionalistas das
Forças Armadas.
Deixou a ESG em agosto de
1952 para assumir o comando da Zona Militar Norte, sediada em
Recife. Em
1954, foi apresentado como candidato de consenso ao Governo de
Pernambuco, na coligação que envolvia
PSD,
PDC e
PL. Fez um governo voltado para a assistência ao
Sertão, para a construção de açudes e estradas. Ocupou o cargo entre
1955 e
1958, renunciando ao mandato um mês antes de sua conclusão para assumir a presidência da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, que exerceu durante dois anos.
Em
1961, foi nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) pelo presidente
Jânio Quadros. Com a renúncia de Jânio, envolveu-se na conspiração que visava impedir aposse do vice-presidente,
João Goulart, então em viagem à
China. Jango tomou posse devido ao apoio da população e a
Campanha da Legalidade, comandada em
Porto Alegre por
Leonel Brizola. Na ocasião, foi nomeado comandante do III Exército pelo Ministro da Guerra,
Odílio Denys, em substituição ao General
José Machado Lopes, que havia aderido à causa legalista. Não chegou a assumir este cargo.
Participou, ativamente, do
golpe militar que, em
1964, depôs o presidente João Goulart. Novamente foi cogitado para presidente, o que não se concretizou uma vez que era considerado “político demais” por alguns setores do exército. No Governo de
Castelo Branco, assumiu o Ministério Extraordinário para a Coordenação dos Organismos Regionais, depois transformado em Ministério do Interior. Desempenhou essa função até junho de
1966, quando se retirou da vida pública. Assumiu, então, a direção executiva do grupo empresarial pernambucano João Santos.
Possuía inúmeras condecorações nacionais e internacionais, entre elas a Cruz de Guerra com Palma (
França), a Legião de Honra (França), a Grande Oficial Ordem da Coroa (
Itália), a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis (
Portugal), Legião de Mérito (
EUA), Grande Oficial da Ordem Nacional do Mérito Militar, no Mérito Naval, e do Mérito Aeronáutico (Brasil).