segunda-feira, 31 de março de 2014

MINHA HOMENAGEM

O QUE FOI 31 DE MARÇO DE 1964.
Alexandre Paz Garcia
 Gostaria de dizer algumas coisas sobre o que aconteceu no dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram. Porque concluo, diante do que ouço de pessoas em quem confio intelectualmente, que há algo muito errado na forma como a história é contada. Nada tão absurdo, considerando as balelas que ouvimos sobre o "descobrimento" do Brasil ou a forma como as pessoas fazem vistas grossas para as mortes e as torturas perpetradas pela igreja Católica durante séculos. Mas, ainda assim, simplesmente não entendo como é possível que esse assunto seja tão parcial e levianamente abordado pelos que viveram aqueles tempos e, o que é pior, pelos que não viveram.
Nenhuma pessoa dotada de mediano senso crítico vai negar que houve excessos por parte do Governo Militar. Nesta seara, os fatos falam por si e por mais que se tente vislumbrar certos aspectos sob um prisma eufemístico, tortura e morte são realidades que emergem de maneira inegável.
Ocorre que é preciso contextualizar as coisas. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio lógico). E o que se faz com relação aos Governos Militares do Brasil é justamente ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que melhor serve ao propósito de denegri-los.
Poucos lembram da Guerra Fria, por exemplo. De como o mundo era polarizado e de quão real era a possibilidade de uma investida comunista em território nacional. Basta lembrar de Jango e Jânio; da visita à China; da condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia pessoal abafa sua natureza implacável diante dos inimigos.
Nada contra o Comunismo, diga-se de passagem, como filosofia. Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários sobre o grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este sistema. Porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram Chavez, até. Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão "justo e igualitário". Tão belo e perfeito que milhares de retirantes aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na tentativa de conseguirem uma vida melhor.
A grande verdade é que o golpe ou revolução de 1964, chame como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós, tios e até você mesmo e sua família de viver essa realidade. E digo talvez, porque jamais saberemos se isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida, respeito a todos os que não esperaram sentados para ver o Brasil virar uma Cuba.
Respeito, da mesma forma, quem pegou em armas para lutar contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que renunciam ao conforto pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente.
Mas não respeito a forma como esses "guerreiros" tratam o conflito. E respeito menos ainda quem os trata como heróis e os militares como vilões. É uma simplificação que as pessoas costumam fazer. Fruto da forma dual como somos educados a raciocinar desde pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa.
Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna é respeitar o inimigo. Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho. Respeitar o inimigo é separar o guerreiro do homem. É tratar com nobreza e fidalguia os que tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que as ações tomadas em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia. Elas obedecem a uma lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão acima do indivíduo, do evitar o mal maior.
Os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas batalhas. E normalmente se encontram após o conflito, trocando suas espadas como sinal de respeito. São vários os exemplos nesse sentido ao longo da história. Aconteceu na Guerra de Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã, para pegar exemplos mais conhecidos. A verdade é que existe entre os grandes Generais uma relação de admiração.
A esquerda brasileira, por outro lado, adora tratar os seus guerrilheiros como heróis. Guerreiros que pegaram em armas contra a opressão; que sequestraram, explodiram e mataram em nome do seu ideal.
E aí eu pergunto: os crimes deles são menos importantes que os praticados pelos militares? O sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho do que o dos guerrilheiros? Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter nebuloso das ações praticadas pelo outro? Penso que não. E vou além.
A lei de Anistia é um perfeito exemplo da nobreza que me referi anteriormente. Porque o lado vencedor (sim, quem fica 20 anos no poder e sai porque quer, definitivamente é o lado vencedor) concedeu perdão amplo e irrestrito a todos os que participaram da luta armada. De lado a lado. Sem restrições. Como deve ser entre cavalheiros. E por pressão de Figueiredo, ressalto, desde já. Porque havia correntes pressionando por uma anistia mitigada.
Esse respeito, entretanto. Só existiu de um lado. Porque a esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de seus líderes nada mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de suas Forças Armadas. E assim seguem fazendo. Jogando na lama a honra dos que tombaram por este país nos campos de batalha. E contaminando a maneira de pensar daqueles que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas. Comunistas que amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem seus carrões. Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem.
Graças a eles, nossa juventude sente repulsa pela autoridade. Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que qualquer ato de disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma total inversão de valores. O que explica, de qualquer forma, a maneira como tratamos os professores e os idosos no Brasil.
Então, neste 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Bem feito. Cada povo tem os políticos que merece.
Se você não gosta das Forças Armadas porque elas torturaram e mataram, então, seja, pelo menos, coerente. E passe a nutrir o mesmo dissabor pela corja que explodiu sequestrou e justiçou, do outro lado. Mas tenha certeza que, se um dia for necessário sacrificar a vida para defender nosso território e nossas instituições, você só verá um desses lados ter honradez para fazê-lo.

Olhar do Planalto - Dependência externa
31/03/14 11:15 | Sonia Filgueiras (sonia.filgueiras@brasileconomico.com.br)

Em seu recém-divulgado relatório de inflação, o Banco Central lançou algumas nuvens sobre o futuro da economia brasileira
Em primeiro lugar, ao prever menos crescimento (2% em 2014, contra 2,3% em 2013) e mais inflação (6,1% e não mais os 5,6%, como estimado em dezembro), o banco sinalizou que ainda deverá subir as taxas de juro por mais algum tempo, talvez além da próxima reunião do Copom, nesta semana. Em outras palavras, o Banco Central calibrou o crescimento (para baixo) a uma taxa de juro mais elevada, necessária para combater uma inflação igualmente elevada.
A questão é que a necessidade de estender os juros elevados por mais tempo compromete o vigor da atividade econômica. Por isso, na avaliação do economista e ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, a expansão econômica nada brilhante de 2% estimada para 2014 se repetirá em 2015. "Na situação atual, qualquer crescimento acima disso dependerá da atividade econômica internacional", avalia. "E nada indica que haverá um boom na atividade internacional nos próximos dois anos. Será uma recuperação lenta", completa.
Apesar de todos os esforços do governo com o programa de concessões de ferrovias, portos, estradas e aeroportos, investimentos públicos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a juros subsidiados, o impulso interno dado pelos investimentos tende a esbarrar no limite imposto pelo aperto monetário: se o juro sobre, o custo do investimento sobe. Em suas previsões para o PIB deste ano, o Banco Central prevê expansão de apenas 1% para a taxa de investimento, contra os 6,3% registrados no ano passado.
Embora o banco chame a atenção de que a perspectiva de desaceleração em 2014 reflete, em parte, o chamado carregamento estatístico do último trimestre de 2013 (ou seja, como o investimento cresceu muito no final do ano, a base de comparação é elevada), há a outra parte, resultante do aumento do custo do dinheiro, que dificulta a vida do empresário que deseja pegar empréstimos para expandir a produção.
Dado o contexto restritivo dos investimentos, o baixo nível de confiança dos empresários e alguns custos elevados, que barram a produtividade - os dirigentes do BC vêm insistindo que a "inflação dos salários", de 9% acumulados em 12 meses em janeiro, está "muito alta"- faz sentido a módica expansão na indústria prevista pela instituição para 2014: 1,5%, contra 1,3% registrados em 2013.
O pequeno aumento no ritmo é explicado pela reversão, de -2,8% para 4,0%, do desempenho da indústria extrativa mineral e à expansão maior na produção de eletricidade, gás e água. No caso da indústria de transformação (máquinas e equipamentos, alimentos, bebidas, metalurgia, caçados e derivados de pretório, dentre outros), a previsão é de desaceleração no crescimento: 0,5% de expansão, ante 1,9% em 2013.
Assim como Carlos Thadeu de Freitas, o Banco Central não põe muita fé no impulso externo para ajudar a economia interna: a previsão do banco é de um crescimento de 1,3% nas exportações, contra a expansão de 2,5% registrada em 2013. A boa notícia é que, por causa da desvalorização cambial, o ritmo de expansão das importações deve ficar bem mais lento: depois de crescer 8,4% em 2013, o BC aposta que elas assumirão um ritmo bem mais moderado, com crescimento de 0,9%. Por fim, como o Banco estima um crescimento do consumo das famílias mais moderado (a expansão de 2%, contra os 2,3% registrados em 2013), a instituição prevê, da mesma forma, redução da velocidade de expansão do Comércio como um todo.
O cenário pode melhorar se o dólar se mantiver comportado e não empurrar a inflação para cima, diz Carlos Thadeu. Isso pode abrir ao BC espaço para encerrar o ciclo de aperto monetário mais cedo. Mas também pode piorar se for confirmada a sinalização do Fed (banco central americano) no sentido de antecipar o processo de retirada dos estímulos fiscais. O BC brasileiro poderá se ver obrigado a estender ainda mais o ajuste nos juros de forma a manter o interesse dos investidores no Brasil e evitar que, com a saída de recursos, ocorra uma desvalorização excessiva do real, gerando pressões inflacionárias extras. "Tudo desaba no colo do BC" conclui Thadeu de Freitas. Neste, e no próximo ano.
O tamanho do ajuste
Embora o governo tenha se comprometido em realizar uma economia de 1,9% do PIB (ou R$ 91,306 bilhões) nas contas públicas em 2014 (incluindo governo central, estados e municípios), o mercado financeiro prevê hoje que conseguirá no máximo 1,5% (algo em torno de R$ 78 bilhões). Não atingir a meta não chegaria a ser um problema. O importante, avaliam os analistas, é que a direção dada está correta.
Mas para 2015, o mercado espera um superávit de 2% do PIB, ou R$ 104 bilhões em valores de hoje (utilizando a estimativa de PIB da Fazenda). Exige-se um esforço adicional de R$ 26 bilhões para dar conta de todos os ajustes esperados para 2015, a começar pelo alinhamento das tarifas públicas, hoje represadas. Para que a correção não se torne inflação, o BC poderá ser obrigado a agir subindo os juros, o que elevará os gastos do governo com a dívida. O problema: um superávit maior com crescimento econômico estacionado nos 2%, o que não ajuda nas receitas governamentais.



 "O Brasil pode crescer 4% ou mais"

Octávio Costa e Rodrigo Carro   (redacao@brasileconomico.com.br) 31/03/14 09:40

"O investimento é o principal seguro contra a inflação futura, uma vez que cria oferta", disse Coutinho. Foto: André Luiz Mello
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, diz que as concessões tornam o setor privado sócio da eficiência
Acostumado a receber no BNDES representantes de agências de classificação de risco, o presidente da instituição, Luciano Coutinho, conversou há duas semanas com analistas da Standard & Poor's, na sede do banco, no Rio. No encontro, a S&P reforçou que vê nos repasses do Tesouro Nacional ao banco estatal um dos focos de desequilíbrio fiscal. Em entrevista ao Brasil Econômico, Coutinho conta que defendeu o peso da instituição de fomento na economia e argumentou que, se o BNDES reduzir de forma radical seus financiamentos, haverá reflexo negativo na taxa de investimento e no crescimento no país.
Seus argumentos, porém, não foram suficientes para evitar, semana passada, o rebaixamento do rating do Brasil pela S&P, vinculando os aportes do Tesouro no BNDES e na Caixa ao desajuste das contas públicas. Mesmo assim, o economista e professor da Unicamp não recua em sua posição. Admite apenas modificar o mix de recursos, reduzindo o nível do repasse oficial e ampliando os mecanismos de mercado. E não abre mão de manter o volume de desembolso do banco, que atingiu R$ 190 bilhões em 2013 e já somou R$ 28,5 bilhões nos dois primeiros meses deste ano.
Ele destaca as vantagens existentes no país: "O Brasil tem oportunidades e fronteiras de investimento rentáveis não plenamente exploradas, e que são a chave para o futuro". E afirma: "O Brasil pode, perfeitamente, crescer a 4% ou mais".
Como o sr. viu o rebaixamento do Brasil pela S&P? No governo, muitos dizem que foi injusto, dadas as condições da economia brasileira...
Vi com a mesma tranquilidade com que o mercado recebeu esse processo. Registrei que, primeiro, havia uma expectativa já formada, e que já havia incidido sobre a precificação dos ativos brasileiros, o que se confirmou depois da divulgação. Não quero fazer um juízo de valor e prefiro olhar para o futuro. Por isso, tenho a convicção na determinação que o governo, sob o comando da nossa presidenta, tem com o compromisso da execução fiscal muito firme, na direção de realizar o superávit primário neste ano. Dessa forma, os resultados virão e corroborarão, para os mercados, a solidez e rigidez das condições brasileiras, em todos os planos. Agrego que, além disso, o Brasil tem um grande estoque de reservas, beirando os R$ 378 bilhões. Não há nenhum risco remoto de insolvência cambial, ou qualquer coisa desse tipo. Além do que, a estrutura da dívida externa brasileira é muito bem distribuída, com uma exposição de curto prazo muito pequena. Acrescento a situação muito sólida do sistema bancário brasileiro. Finalmente, quero chamar a atenção para as fronteiras de investimento muito atrativas que a economia brasileira ostenta. E que tem, no meu entendimento, fundamentado um grande interesse do investimento direto estrangeiro no país.
São necessários ajustes na política econômica atual?
Olhando o conjunto e o potencial da economia brasileira, eu diria o seguinte: nós temos desafios pela frente de fazer certos ajustes. Mas esses desafios são localizados. Não quero dizer que são coisas fáceis. Temos que vencer uma inflação; temos o ciclo da Selic, que está em processo; temos de assegurar que o processo de tapering não produza mais volatilidade cambial; uma série de desafios. Mas esses problemas são endereçáveis e realisticamente enfrentáveis. Inclusive, com potencial de crescimento mais alto do que o verificado, porque o verdadeiro potencial de crescimento brasileiro é, certamente, muito maior do que as projeções de mercado, as quais oscilam em torno de 2%.
O sr. acredita realmente que o Brasil tem plenas condições de crescer a um ritmo superior ao atual?
Sem dúvida nenhuma. O Brasil pode, perfeitamente, crescer a 4% ou mais, desde que aumentemos a nossa taxa de poupança e investimento, e busquemos, consistentemente, ganhos de produtividade e inovação.
O sr. acha que o desequilíbrio fiscal, ao qual a S&P faz referência, realmente pesa no momento?
Acredito, firmemente, que a questão fiscal não é só de curto prazo. Quando a economia não está crescendo muito, é difícil produzir um resultado fiscal muito alto. O governo arbitrou um resultado fiscal possível. É um resultado que assegura que as trajetórias das dívidas bruta e líquida permaneçam sob controle ou declinantes. E, ainda mais, há uma sinalização da disposição futura de manter uma execução fiscal firme. Não há razão nenhuma pela qual o Brasil não possa manter uma trajetória fiscal altamente saudável. Não há impedimentos estruturais nessa direção. Acredito que o futuro mostrará que a preocupação da classificadora de risco perderá substância, em função dos resultados que serão apresentados.
A S&P fez uma menção específica aos repasses do Tesouro ao BNDES, como se essa fosse uma das distorções. O sr. acha que há algum exagero nos repasses?
Eu até recebi aqui, rapidamente, a agência, e nós explicamos o seguinte: primeiro, estamos sintonizados com o esforço fiscal. Isso significa que o banco precisa trabalhar para minimizar as necessidades de recursos em TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Uma nova política operacional já está efetiva, de forma a combinar mais fontes de mercado e criar um balanceamento, no qual poupa-se TJLP e busca-se ter mais fontes de mercado. Essa política já está em vigor, desde o início do ano, em sintonia com o esforço fiscal.
Um corte drástico teria que consequências?
Se o BNDES fizer um ajuste radical, em um contexto no qual a taxa Selic e os custos de capital ainda estão subindo, é claro que os grandes prejudicados seriam o investimento e o crescimento. Por outro lado, investimento e crescimento são considerados variáveis importantes na própria avaliação de risco. É interessante que as agências têm uma visão equilibrada. Elas não só estão cobrando firmeza na execução fiscal. Também estão cobrando mais investimento e mais crescimento. Então, é preciso ter um bom senso de conciliar esses processos, de forma consistente. Acredito também que há um consenso nacional a respeito da necessidade de que o país invista mais, porque o investimento é o principal seguro contra a inflação futura, uma vez que cria oferta. Ao criar oferta para o futuro, pode até pressionar a demanda agregada a curto prazo, mas, no médio prazo, é deflacionário, ajuda a manter a estabilidade.
O senhor chegou a se reunir com a área técnica da S&P e explicar isso?
Isso foi conversado. Nós mantemos, de longa data, um intenso diálogo com as classificadoras de risco, inclusive com a Standard & Poor's. Nossa disposição de manter o processo sintonizado com os objetivos gerais foi explicada, e creio que foi bem entendida.
O rebaixamento afeta a captação de recursos pelo BNDES? Muitos dos recursos disponíveis para o banco vêm do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)...
Sim, essa é a nossa captação interna. Mas sobre afetar a nossa captação do exterior, não sabemos. Nós realizamos, no ano passado, uma captação muito bem sucedida, em outubro, quando tivemos uma sobre demanda. Queríamos captar US$ 1 bilhão, a demanda subiu a US$ 11 bilhões, e nós terminamos emitindo cerca de US$ 2 bilhões, porque as condições, na curva, eram muito favoráveis. Isso mostra que o BNDES continua gozando de uma boa reputação, mesmo quando o credit default swap (CDS) do Brasil já tinha subido. Estamos captando dentro da curva. Logo, acredito que esse efeito já estava precificado. Obviamente, temos um conjunto de oportunidades em moeda estrangeira e nós vamos maximizá-las.
Há quase uma confirmação de que os repasses do Tesouro serão menores neste ano. Isso significa que o desembolso total do BNDES para 2014 vai ser bem menor que os R$ 190 bilhões do ano passado?
Nossa tarefa é sustentar a expansão do investimento. Devo buscar um mix de funding para o banco que atenda, de um lado, à política fiscal brasileira e, de outro, permita-me continuar sustentando o investimento. O equacionamento disso significa que eu devo operar com mais fontes de mercado, utilizar mais intensamente as debêntures de infraestrutura e outras formas. Estamos, inclusive - isso é algo de novo - estudando propostas para facilitar, ainda mais, a participação do mercado de capitais. De forma que o relevante é fazermos um esforço para poupar os recursos em TJLP, que são aqueles com incidência sobre as necessidades de suporte vindos do Tesouro Nacional, e busquemos maximizar as fontes de mercado. Nesse sentido, em parceria com o mercado, vamos ser mais agressivos no mercado de capitais. O relevante não é quanto vai ser o volume total do BNDES, mas quanto de operações junto com o mercado e de que forma o banco faz uma mixagem de recursos, de forma a continuar suportando um grande objetivo brasileiro, que é fazer crescer os investimentos e aumentar a taxa agregada de investimentos, para continuar suportando o crescimento do país, permitindo o avanço dos projetos de desenvolvimento produtivo da infraestrutura e das indústrias prioritárias da inovação, e assim por diante.
Qual a importância das concessões privadas para alavancar o investimento?
O papel das concessões para o setor privado é absolutamente central na estratégia de subir a taxa agregada de investimento. Elas vão representar pelo menos um ponto a mais na relação investimento/PIB nos próximos anos. Primeiro, pela razão óbvia. O setor privado é um agente muito mais eficiente para realizar esses investimentos com maior celeridade. A concessão é um modelo que torna o setor privado sócio da eficiência. Como ele é o empreendedor, vai querer que o investimento seja realizado da maneira mais rápida, mais eficiente e com o menor custo. Segundo, porque permite - diferentemente de projetos inteiramente ancorados no orçamento público, que representam carga sobre o Estado - deslocar a tarefa para a iniciativa privada e permitir que o BNDES possa financiar a longo prazo o ciclo de investimentos ao setor privado, que não está impedido de tomar crédito. Então, acredito que todos os projetos que têm um retorno privado, sob PPP ou concessão, ao serem transferidos para a iniciativa privada, trazem uma grande vantagem para o país, de celeridade, redução de custos e viabilização de seu financiamento, sem sobrecarregar as finanças públicas. Parece-me que esse é um vetor-chave para qualquer programa de futuro para o país.
No Brasil, a taxa de investimento não chega a um padrão que o sr. mesmo afirma que seria a ideal, algo em torno de 22%, 23% do PIB. Continuamos em torno dos 18%. O que impede a taxa de chegar a essa proporção do PIB?
Primeiro, eu queria fazer duas observações de natureza mais estatística. Uma é que o preço dos bens de capital caiu de maneira muito significativa, nos últimos anos, o que é uma boa notícia. Até por conta do barateamento relativo do sistema de tecnologia de informação, pela acirrada concorrência tanto da indústria de máquinas quanto na exportação de bens de capital por parte de todos os países. De maneira que, se nós não computássemos o efeito da queda do deflator implícito da formação de capital, estaríamos hoje com uma taxa superior. Por exemplo, se trabalhássemos em cima de preços de 2007, estaríamos hoje com a Formação Bruta de Capital Fixo sobre o PIB de 20,5%. Nós investimos mais, mas como o preço caiu, tem uma parte que é um efeito de deflação dos bens de capital. Na verdade, nós temos, sim, uma taxa mais elevada. A formação de capital fixo até 2004, 2005, oscilou em torno de 16% a 17%. Hoje, nós estamos oscilando, em termos correntes, entre 18% e 19%. Mas, a termos de preços históricos, acima de 20%. Então, houve uma mudança de trajetória.
O sr. está satisfeito com o novo patamar?
Não, gostaria de ter mais. Tem outro ponto que não está claramente elucidado. As pessoas dizem: "O BNDES aumentou os recursos, mas a formação de capital não respondeu". Não é verdade. Eu queria, também, voltar aos fundamentos econômicos. Se nós tomarmos o desembolso do BNDES em preços atuais, chegamos a um pico em 2010. As estatísticas mostram que há, claramente, uma relação entre o desembolso do BNDES e a participação do BNDES sobre o PIB. Em 2013, nós desembolsamos R$ 190 bilhões, mas, a preços de 2013, o que nós desembolsamos em 2010 seriam R$ 201 bilhões. Isso relativiza um pouco.
Há possibilidade de avançar mais em termos de investimento?
Acredito que o Brasil tem oportunidades e fronteiras de investimento rentáveis não plenamente exploradas, e que são a chave para o futuro do país. Ou seja, eu tenho a firme convicção que a agenda futura do Brasil passa pela continuidade de um ciclo de investimentos duradouro, que alavanque a Formação Bruta de Capital Fixo sobre o PIB para a vizinhança de 22%. Eu continuo com essa meta, porque isso significa o seguinte: crescer sustentavelmente depende de mais investimento e mais ganhos de produtividade. São duas agendas, embora elas pareçam dissociadas. O investimento é um canal fundamental para gerar ganhos de produtividade para a economia. Primeiro, o investimento em infraestrutura é essencial para gerar ganhos sistêmicos de produtividade. O Brasil tem gargalos e ineficiências de logística, é evidente. O país tem custos logísticos na escala de 9% do PIB, segundo algumas estimativas, enquanto os EUA têm algo em torno de 4,5%. A ineficiência da logística se traduz em várias dimensões, como a perda da safra. Este é um lado. O outro lado é que o investimento é portador, em geral, de novas gerações de máquinas e equipamentos, especialmente o investimento industrial, e isso significa mais produtividade. Ademais, temos uma outra grande dimensão da produtividade, que é associada, mas requer um grande esforço de qualificação dos trabalhadores, porque os paradigmas de produção estão evoluindo.
Evoluindo de que forma?
Teremos que preparar a classe trabalhadora, especialmente a industrial, para novos sistemas produtivos, nos quais a automação avançada terá um lugar crescente. É um fato histórico curioso. A entrada maciça da China em sistemas globais de produção de suprimento industrial, como fornecedora pronta de equipamentos para os países desenvolvidos colocarem a plaquinha de suas marcas e comercializarem, produziu no sistema global um grande manancial de força de trabalho a salários muito baixos. E reorganizou as cadeias globais. Porém, a transição demográfica chinesa é muito rápida. A política do filho único se entranhou profundamente. A desaceleração do crescimento da população economicamente ativa já está levando a aumentos de custos empresariais. Isso retoma uma velha agenda, que ficou interrompida, da aceleração da automação industrial, com a aceleração de sistemas mais integrados de produção industrial, sob comandos computadorizados, mais introdução de robótica etc.
O sr. comentou sobre oportunidades e novas fronteiras de investimento no Brasil. Quais são elas?
Primeiro, poucas economias têm um volume prospectivo já visível de investimentos em energia como a do Brasil. Nós precisamos, continuada e persistentemente, investir em energia no Brasil. É preciso criar mais capacidade energética, em todas as modalidades. E o Brasil, felizmente, as tem, em hidroeletricidade de grande porte, PCHs, energia eólica. E precisa, também, de energia térmica, porque está mais do que comprovado que elas deveriam, inclusive, estar na base do sistema, já que em anos secos, hidricamente desfavoráveis, é preciso ter um sistema térmico maior e mais eficiente para dar plena segurança ao sistema brasileiro. A energia carrega consigo a possibilidade de desenvolver cadeias produtivas, especialmente nas novas modalidades. A segunda grande cadeia importante é a de óleo e gás. Poucos países têm uma cadeia tão poderosa e com um prospecto de investimentos tão relevante quanto temos, por conta do pré-sal. Eu agrego que o programa de investimentos atual da Petrobras, que é um dos maiores do mundo, virá acompanhado de outro ciclo de investimentos para dar conta do Campo de Libra. E, agora, a Petrobras vai estar menos sobrecarregada, porque vai ter mais parceiros. Não estou falando de uma coisa de curtíssimo prazo, mas de um processo que eu posso enxergar 20 anos à frente, de grandes investimentos.
E há muitas outras oportunidades relacionadas a esse segmento...
Se olharmos para outras formas de desenvolvimento associadas a essa cadeia na petroquímica, nos fertilizantes nitrogenados, vemos que há muitas oportunidades nesse processo. Se olharmos para o agronegócio, poucos países têm uma plataforma tão eficiente. Temos um agronegócio extremamente produtivo em grãos; na base de madeira para celulose; um agronegócio baseado na cana, no açúcar e no etanol; e outro segmento poderoso baseado nas proteínas animais. Finalmente, temos a nossa indústria de transformação. Essa não vem dando a resposta que se espera.
Por que?
Ela tem apresentado um comportamento oscilante. Porém, nós temos de levar em conta que há uma explicação para isso. Primeiro, o fortíssimo acirramento da concorrência mundial depois da crise. Os mercados dos países desenvolvidos, com forte capacidade ociosa, geraram um tremendo acirramento da concorrência internacional. Depois, até um certo momento, a apreciação da taxa de câmbio contribuiu para um relativo enfraquecimento da nossa capacidade competitiva. Esse processo foi revertido. E eu acredito que o processo de reversão da política monetária dos EUA teve um primeiro efeito de recalibrar a taxa de câmbio brasileira para uma posição menos desfavorável para a competitividade da indústria.
O câmbio é fator essencial para ganharmos competitividade?
Quero deixar claro que não advogo que a questão da competitividade da indústria deva ser enfrentada com a agenda cambial. Acho que o câmbio é um elemento importante e pode, daqui para frente, ser menos oneroso e um pouco mais estimulante para a recuperação. Do lado da competição internacional, também é realista imaginar que ela vai continuar acirrada. Portanto, isso nos impõe uma forte e incisiva agenda de produtividade e competitividade da nossa indústria, a qual deveria levantar uma reflexão sobre qual é o melhor tratamento tributário à indústria. Porque nossa indústria, por ter cadeias mais longas, possui sobre si uma incidência tributária relativamente maior do que outros setores. Temos que perseguir, também, com intensidade, uma agenda de reequipamento e reestruturação dos processos industriais e treinamento dos trabalhadores, sobre o qual eu já falei. Por fim, temos uma agenda absolutamente central de inovação tecnológica. Nós precisaremos inovar e desenvolver produtos e estar atualizados na geração de artigos manufaturados.


Sudão do Sul: Situação segue tensa entre moradores e refugiados de Maban
28 de março de 2014 · Notícias  - ONU

Mulheres de Yusuf Batil retornam aos seus abrigos após receberem assistência do Programa Mundial de Alimentos. Foto: PMA/George Fominyen
A crescente hostilidade entre refugiados do campo de Yusuf Batil, na província sul-sudanesa de Maban, e moradores vizinhos atingiu seu ápice recentemente, quando tiroteios e a violência forçaram cerca de 8 mil refugiados a fugir do campo desde o início de março.
Os últimos confrontos, motivados por disputas sobre existência de recursos naturais na região, só foram controlados após várias reuniões entre o Comitê para Questões de Refugiados do Sudão do Sul (CRA, na sigla em inglês), o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e autoridades locais permitirem o retorno dos refugiados ao campo.
Entretanto, diferenças culturais e a competição por recursos escassos ainda são grandes entraves no processo de construção da paz. Apesar do apoio e encorajamento do ACNUR aos esforços de reparação das rivalidades, a tensão continua.
Mudança climática eleva riscos de conflitos e fome, diz IPCC
Brasil Econômico   - Por AFP
31/03/14 08:08

Nas Américas do Sul e Central, os desafios são a escassez de água em áreas semiáridas e as
De acordo com o relatório, os países pobres serão os que vão sofrer as mais graves consequências desse novo cenário
Yokohama - As emissões de CO2 devem elevar durante este século os riscos de conflitos, fome, enchentes e migrações, informa o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que será divulgado nesta segunda-feira.
"O aumento de temperaturas aumenta a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis", em todo o mundo, alerta o quinto informe do IPCC.
Se as emissões dos gases causadores do efeito estufa não forem estancadas, o custo pode chegar a bilhões de dólares em danos a ecossistemas e a propriedades. Além disso, existe a necessidade de se criar sistemas de proteção às mudanças. Os efeitos já começam a ser notados e vão piorar com cada grau centígrado de aumento da temperatura.
A Amazônia em perigo
A fome poderá ser especialmente severa nos países tropicais e subtropicais. A Amazônia é um dos ecossistemas que mais poderão ser prejudicados, juntos com os polos, os pequenos Estados insulares no Pacífico e os litorais marítimos de todos os continentes.
Bastante extenso, o informe detalha os efeitos por região. Nas Américas do Sul e Central, os desafios são a escassez de água em áreas semiáridas, as inundações em zonas urbanas superpovoadas, a queda da produção alimentar e de sua qualidade e a propagação de doenças transmitidas por mosquitos. As cidades latino-americanas devem se preparar para modificar seus planos de urbanismo e de tratamento de água. A produção agrícola deverá se adaptar aos períodos de seca ou de grandes chuvas, com grãos mais resistentes.
As zonas de mata virgem deverão se manter afastadas à pressão dos assentamentos humanos.
O documento é resultado de intensas deliberações entre centenas de cientistas desde que a comunidade internacional aprovou a criação do IPCC, em 1988. O informe "é um manual de instruções para se enfrentar a mudança climática, mas também representa um marco para entendê-la, para entender suas implicações", explicou o co-presidente do IPCC, Chris Field, da Carnegie Institution.
A edição anterior, de 2007, valeu ao IPCC o Prêmio Nobel da Paz, mas seu sucesso e visibilidade não conseguiram mobilizar as consciências o suficiente. A reunião internacional de Copenhague, em 2009, que se dedicaria a obter um pacto contra a mudança climática, foi um estrondoso fracasso. Esse novo documento, publicado em Yokohama, em Tóquio, após cinco dias de reuniões, detalha de forma mais extensa o alcance do problema, que se acelerou a partir do século XX.
As temperaturas vão subir entre 0,3ºC e 4,8ºC neste século, o que se soma ao 0,7ºC calculado desde o início da Revolução Industrial. Além disso, o nível dos mares aumentará entre 26 e 82 centímetros até 2100. A alta das temperaturas reduzirá o crescimento econômico mundial entre 0,2% e 2% ao ano - calculam os cientistas. Nesse sentido, o IPCC reivindica um pacto mundial até o final de 2015 para limitar esse aumento a até 2ºC no século atual.
Riscos para a segurança
Os impactos aumentam com cada grau centígrado e podem ser desastrosos acima de 4ºC, adverte o texto.
A mudança climática pode provocar mais conflitos regionais devido às migrações das populações afetadas pelas enchentes e à competição pelo monopólio de água e de comida. "A mudança climática tende a atuar como um multiplicador de ameaças", disse Field.
"Há muitas coisas que fragilizam as pessoas e quando você combina um choque climático com esses fatores, os resultados podem ser ruins", alertou. Na Europa e na Ásia, é provável que as temporadas e o volume de chuva sofram mudanças dramáticas. Isso terá um impacto nas colheitas de trigo, arroz, ou milho, por exemplo. Espécies de plantas ou de animais poderão desaparecer.
Os países pobres serão, contudo, os que vão sofrer as mais graves consequências desse novo cenário. O relatório garante que o aquecimento global é irreversível, mas que pode ser reduzido drasticamente se o ser humano controlar as emissões de CO2. Algumas medidas que podem ser aplicadas de imediato são "baratas e fáceis", como reduzir o desperdício de água, ampliar as áreas verdes nas cidades e proibir assentamentos humanos em zonas de alto risco.


quarta-feira, 26 de março de 2014


Brasil e Antígua e Barbuda firmam acordo de cooperação em defesa

Brasília, 26/03/2014 – Os ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e da Segurança Nacional e do Trabalho de Antígua e Barbuda, senador L. Errol Cort, assinaram hoje (26) acordo-quadro de cooperação na área de defesa. O documento prevê a parceria em assuntos relativos à defesa com destaque nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico e aquisição de produtos e serviços de defesa.

Também será possível, pelo acordo, compartilhar conhecimentos e experiências adquiridas em operações das Forças Armadas, incluindo operações internacionais de manutenção da paz, bem como em uso de equipamento militar nacional e estrangeiro; promover ações conjuntas de treinamento e instrução militar, em exercícios militares conjuntos, assim como o intercâmbio de informações relacionadas a esses assuntos; colaborar em temas relacionados a sistemas e equipamentos no campo da defesa; e cooperar em outras áreas no domínio da defesa que possam ser de interesse comum para ambas as partes.

O documento foi formalizado durante visita de Errol Cort a Brasília. O ministro chegou à sede do Ministério da Defesa sendo recebido com honras militares. Após passar em revista às tropas, Errol Cort participou de encontro reservado com o ministro Amorim. Em seguida, se deslocou para a reunião bilateral. No encontro, Celso Amorim informou sobre o interesse do Brasil na aproximação com os países caribenhos.

“O Brasil tem imenso interesse em estreitar as relações com os países caribenhos. Quando ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores visitei diversos países. Abrimos diversas representações diplomáticas”, destacou o ministro lembrando que este ano celebra-se 10 anos da presença do Brasil no Haiti.

O ministro Errol Cort destacou em seu pronunciamento o interesse do seu país em estreitar as relações e deixou caminho aberto para que esse movimento se estenda para os demais países do Caricom - Mercado Comum e Comunidade do Caribe. O ministro informou que esteve em visita a organizações militares da Marinha do Brasil, oportunidade em que tomou conhecimento do programa de construção de submarinos, o Prosub.

Ele enfatizou que o seu país enfrenta problemas relacionados ao tráfico de entorpecentes e de seres humanos, sendo esse último em menor escala. Por isso, conforme assinalou, o governo deve se voltar mais para o reforço das ações da Força Naval. O comandante da Marinha do Brasil, almirante Julio Soares de Moura Neto, explicou que poderia enviar especialistas ao país caribenho dentro do acordo de cooperação.

Acordo-quadro

Após a reunião bilateral, Amorim e Errol Cort assinaram o acordo-quadro. O documento prevê, por exemplo, que “os procedimentos para o intercâmbio, bem como as condições e as medidas para proteger a informação classificada das Partes na execução e após a denúncia do presente Acordo, serão determinados por um acordo entre o Governo de Antígua e Barbuda e o Governo da República Federativa do Brasil”.

Além disso, está previsto que “as partes notificarão uma a outra com antecedência da necessidade de preservar o sigilo da informação e de outros dados relacionados a essa cooperação e/ou especificados em contratos (acordos) assinados no âmbito deste Acordo, em conformidade com as respectivas legislações nacionais”.

Ficou estabelecido, ainda, que “Mecanismos de Implementação para a execução de programas e atividades específicas ao amparo do acordo ou dos seus protocolos complementares poderão ser desenvolvidos e implementados pela Força de Defesa da Antígua e Barbuda e pelo Ministério da Defesa da República Federativa do Brasil”. Tais mecanismos, segundo acordo, deverão estar restritos aos temas referentes e serem consistentes com as leis respectivas dos dois países.

Fotos: Tereza Sobreira
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
Banco Mundial
Crise na Ucrânia pode provocar queda de 1,8% do PIB da Rússia
Brasil Econômico   - Da AFP
26/03/14 08:54

No melhor dos cenários, queda do PIB seria de 1,1% este ano, segundo BM

Segundo o Banco Mundial, fuga de capitais se prolongaria em 2015 por um valor de 80 bilhões de dólares
MOSCOU - A crise na Ucrânia pode provocar uma queda de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia em 2014, na pior das hipóteses, afirma um relatório do Banco Mundial.
"O Banco Mundial desenvolveu dois cenários para a Rússia. As perspectivas dependem amplamente da recuperação da confiança dos empresários e dos consumidores e dos riscos geopolíticos", afirma a instituição, que no pior dos cenários prevê uma contração de 1,8% em 2014 e de 2,1% em 2015.
O Banco destaca que o país, que anexou a Crimeia e provocou a crise mais grave na Europa desde o fim da Guerra Fria pode sofrer agora uma fuga de capitais de até 150 bilhões de dólares.
A fuga de capitais se prolongaria em 2015 por um valor de 80 bilhões de dólares, declarou Birgt Hansl, economista do Banco Mundial e autora do relatório.
"Se o conflito Rússia-Ucrânia ficar mais grave, poderiam surgir incertezas sobre as sanções do Ocidente e a resposta da Rússia", adverte o documento.
Caso consiga limitar o impacto da crise da Crimeia, o segundo cenário contemplado pelo Banco Mundial apresenta uma queda menos pronunciada, de 1,1% em 2014, para depois subir 1,3% em 2015.


Russos querem fazer caça com o Brasil
Antes da abertura da Fidae, feira chilena de segurança e defesa, o diretor do Serviço Federal para a Cooperação Técnico-Militar da Rússia, Aleksandr Fomin, defendeu uma parceria com o Brasil para a fabricação conjunta de um novo caça multifuncional. O governo brasileiro anunciou no ano passado um acordo para aquisição de 36 caças suecos, com transferência de tecnologia. Agora, os russos oferecem uma possibilidade mais vantajosa: formar uma joint venture para desenvolver e produzir o caça. O presidente Vladimir Putin visita o Brasil em julho, para uma reunião dos líderes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).- Matéria publicada hoje  na coluna “Mosaico Político” de Gilberto Nascimento no jornal “BrasilEconômico”.

terça-feira, 25 de março de 2014


Guarani: novo blindado do Exército Brasileiro tem seu primeiro lote entregue no Paraná

Cascavel (PR), 24/03/2014 – O Exército Brasileiro passou a contar a partir desta segunda-feira (24) com um moderno e poderoso instrumento para operações militares de ataque, defesa, patrulhamento e missões de paz: a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP-MR) Guarani.

O primeiro lote com 13 veículos foi entregue oficialmente ao 33º Batalhão de Infantaria Mecanizado, em Cascavel, oeste paranaense, em cerimônia que contou com a presença do ministro da Defesa, Celso Amorim, e do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri.

Desenvolvido a partir de pesquisas empreendidas por diferentes unidades do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, a família de blindados Guarani está sendo produzida em parceria com a multinacional italiana Iveco, que construiu um módulo industrial para esse fim na cidade de Sete Lagoas (MG). A propriedade intelectual do Guarani – que tem a previsão de ser exportado – é do Exército Brasileiro.

Na cerimônia de entrega do lote de 13 blindados, Celso Amorim destacou que a entrada em operação dos Guarani “é um evento significativo, que representa este novo momento de reequipamento das nossas Forças Armadas”. Para o ministro da Defesa, a qualidade tecnológica e a empregabilidade do novo blindado reforça “a auto-estima dos nossos militares” e demonstra a “visão de futuro” do Estado Nacional.

Amorim ressaltou que os Guarani têm uma grande presença militar, o que assegura um maior poder de dissuasão, “capaz de evitar ameaças ao nosso território e às nossas riquezas”. O ministro também elogiou o fato de o projeto ter sido desenvolvido e produzido no Brasil, já que sua exportação poderá se reverter em royalties para a Força Terrestre. “Tenho certeza que o Guarani será um sucesso no mundo inteiro”, afirmou.

Tecnologia

O Guarani irá substituir as famílias de blindados Urutu e Cascavel – em operação há quase 40 anos nas Forças Armadas. A previsão é que um total de 86 veículos seja entregue até o final do ano nos batalhões de infantaria de Foz do Iguaçu (PR), Apucarana (PR), Francisco Beltrão (PR) e no Centro de Instrução de Blindados em Santa Maria (RS). “É um meio moderno e eficiente. Um marco no processo de transformação das nossas tropas”, avaliou o general Carlos Bolívar, que está à frente do Comando Militar do Sul (CMS).



Para o comandante do Exército, general Enzo Peri, o desenvolvimento do Guarani é um “projeto vitorioso”. A expectativa é que, ao longo de 20 anos, 2.044 blindados sejam fabricados e disponibilizados à Força Terrestre.

Com capacidade para 11 homens – sendo nove combatentes, um atirador e um condutor –, o blindado Guarani contém, além de ar condicionado, uma série de inovações tecnológicas: baixa assinatura térmica e radar – o que dificulta sua localização pelos inimigos; proteção blindada para munição perfurante incendiária e minas anticarro; navegação por GPS; freios ABS; visão noturna; motor de 383 cv, com velocidade máxima de 100 km/h; sistema de gerenciamento de campo de batalha; e sistema de consciência situacional.

O Guarani também é preparado para navegação, com hélices traseiras que lhe dão capacidade anfíbia. Suas torres podem ser equipadas com canhões de munição de 30mm, além de metralhadoras .50 e 7,62mm. É projetado para atingir alvos aéreos e terrestres. Desde 2013, os militares dos batalhões de infantaria mecanizado das regiões Sul e Centro-Oeste estão recebendo adestramento específico para operar o novo blindado.

Fotos: Tereza Sobreira
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa