terça-feira, 30 de junho de 2015



Ocupação das Forças Armadas no Complexo da Maré acaba hoje


Publicado em Terça, 30 Junho 2015 11:13 | Última atualização em Terça, 30 Junho 2015 11:48

Brasília, 30/06/2015 – A partir desta terça-feira (30), 2,5 mil militares das Forças Armadas (500 homens do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha e 2 mil do Exército Brasileiro) passarão o comando da Força de Pacificação (Operação São Francisco) do Complexo da Maré para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, dando prosseguimento ao processo de resgatar a paz na região.

Após 14 meses de ocupação, as Forças Armadas, em atuação conjunta com o poder público, deixam um legado para desarticular facções criminosas e alavancar as condições de cidadania para uma população composta por 140 mil pessoas que habitam na Maré.

Foto: Divulgação Exército Brasileiro



As tropas realizaram 550 apreensões de drogas e 58 de armas e 3.884 munições

Segundo dados da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (ECMFA) do Ministério da Defesa, até a última quarta-feira (24), as tropas federais realizaram a prisão de 553 adultos e a detenção de 254 menores de idade. Além disso, foram feitas 550 apreensões de drogas e 58 de armas e mais 3.884 munições recolhidas.

Houve, ainda, a apreensão de 60 veículos, 89 motos e outros 436 materiais diversos. Foram abertos 106 autos de prisões em flagrantes e realizadas 121 detenções por crime militar.

De acordo com o chefe do EMCFA, general José Carlos De Nardi, os militares desempenharam a missão com bravura, sempre respeitando os direitos da população local e criando condições para a retomada da área pelas organizações de segurança pública do Rio de Janeiro. "Apesar das dificuldades e óbices próprios da Operação São Francisco, no Complexo da Maré, o esforço das Forças Armadas contribuiu para melhorar a segurança pública no Rio de Janeiro."

Durante a Operação, foram mobilizados, em um só momento, até 3,3 mil militares. A Força de Pacificação fez uso intensivo de viaturas blindadas para o patrulhamento da área. A Aeronáutica realizou o transporte de pessoal, equipamentos e material de diversas regiões do país para atender às necessidades operacionais da tropa.

A Força Aérea Brasileira (FAB) também colocou em atividade o seu Sistema Aéreo Remotamente Tripulado (SARP), que empregou um vant. Em certas ocasiões, foram utilizadas até 300 viaturas em apoio a missões.

Para os militares, a ocupação da Maré é considerada um conflito moderno. Uma guerra irregular, sem fronteiras, com inimigo difuso.

 

Legado

Outro grande avanço que contribuiu para a redução da violência no Complexo foi o auxílio do Disque-Pacificação. Com o serviço telefônico, as tropas contaram com o apoio da comunidade, que repassou cerca de 3 mil informações que contribuíram para prisões de criminosos.

Foto: Divulgação Exército Brasileiro

 

O Disque-Pacificação recebeu cerca de 3 mil informações

Também em parceria com órgãos governamentais, entre eles, a Justiça Itinerante, foram realizadas ações cívico-sociais como casamentos, registros, emissão de documentos, além da regularização do recolhimento de lixo, a retirada de centenas de carcaças de veículos de locais públicos e desobstrução de ruas.

Essas ações estão permitindo a circulação dentro da Maré, a construção de escolas e projetos de melhorias no esgotamento sanitário. A Força de Pacificação realizou 12 ações sociais, totalizando aproximadamente 13 mil atendimentos.

Desde o início da Operação São Francisco, em abril de 2014, a taxa anual de homicídios na região da Maré caiu de 21,29 para 5,33 mortes por 100 mil habitantes.

Operação São Francisco

As Forças Armadas foram autorizadas a entrar no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, a partir do dia 5 de abril de 2014, em apoio às forças de segurança pública estaduais.

Na época, a diretriz ministerial nº 9 orientou o emprego das tropas em missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), conforme pedido feito pelo, então, governador Sergio Cabral.

O processo de retirada dos homens da Marinha e do Exército teve início no dia 1º de abril deste ano, com término em 30 de junho.

Por determinação da Presidência da República e atendendo à solicitação do governo do Estado do Rio de Janeiro, a Operação São Francisco foi prorrogada por mais quatro vezes.

A área na qual as forças militares foram empregadas, no Complexo da Maré, ficou restrita especificamente nas comunidades: Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Conjunto Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiro – Salsa & Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança.

Por Alexandre Gonzaga

Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa

 

segunda-feira, 29 de junho de 2015


Em discurso durante funeral, Obama toca fundo no racismo dos EUA

Foi um momento de pura emoção. Foi com música que o presidente conseguiu, em Charleston, dizer muito mais a respeito deste que é um conflito central na sociedade americana

Heloísa Villela heloisa.vilela@brasileconomico.com.br

Principal orador do enterro do pastor e senador Clementa Pinckney, Obama se valeu do momento de destaque diante da comunidade de Charleston e de todo o país para mergulhar no debate a respeito do racismo. Um debate que sacode os Estados Unidos novamente há mais de um ano. Um debate recorrente. Obama pregou a união diante da tragédia. Porém, bem mais do que o discurso, foi a cadência de sermão de igreja batista, foi o fato de se basear nesta tradição afro-americana, e o encerramento inusitado do discurso que ecoaram na alma da população.

Obama ficou em silêncio por alguns segundos. Os olhos dos presentes grudados nele, pendurados naquele silêncio finalmente rompido com duas palavras: “amazing grace”, ou graça extraordinária. Outros segundos de silêncio profundo foram quebrados apenas pela repetição das mesmas duas palavras, com ênfase em extraordinária. Em seguida, o presidente começou a cantar à capela a tradicional “Amazing Grace”, quase um hino espiritual dos Estados Unidos. Diante da surpresa, a plateia aos poucos se levantou e fez coro. Foi um momento de pura emoção. Foi com a música que Obama conseguiu dizer muito mais a respeito deste que é um conflito central na sociedade americana.

Nada mais perfeito para o momento que o país atravessa do que a estreia do filme sobre a vida de Nina Simone. A cantora e compositora negra, nascida na Carolina do Norte dos anos 30, já era um talento musical indiscutível aos três anos de idade. Ela cresceu na época em que os negros já se impunham na música popular dos Estados Unidos. Mas continuavam banidos da música clássica. E Nina, até então Eunice Waymon, queria mesmo ser concertista. Tocar Bach no Carnegie Hall. Um sonho que nunca foi possível realizar.

Nina Simone tinha outros desafios pela frente. Com o piano, ela deu voz à dor, à revolta e ao pavor de quem vive sem lugar dentro da própria casa. Ao horror de ser sempre um outro, um estranho no país dos brancos. O filme acompanha toda a trajetória da vida da cantora. Todos os altos e baixos, que não foram poucos. Mas se depara com mais atenção nos anos 60. No encontro entre a dor que ela sempre carregou na alma com a dor evidenciada na luta pelos direitos civis. E foi nessa luta que Nina Simone encontrou propósito. Como mulher. Como negra. Como americana. E como artista. Ela era tudo isso ao mesmo tempo, o tempo todo.

Em entrevistas que o filme recuperou, Nina Simone conta que disse a Martin Luther King: “Eu não sou não-violenta”. Ela era inteira e visceral. Reagia com a alma às injustiças, que nunca tinham apenas a perspectiva coletiva mas também a individual. Sempre a alma, a dimensão humana, diante de tudo, à flor da pele. Foi Nina quem teve coragem de dizer ao mundo “Mississippi Goddam”, que seria algo como “P--- que p---- Mississippi”, logo após o atentando à bomba, em 1963, que matou quatro meninas negras em uma igreja batista de Birminghan, no Mississipi. A igreja era ponto de encontro dos líderes do movimento de direitos civis.

Mississippi Goddam é o título da música que ela compôs após o atentado. Não basta ler a letra que fala: “Piquetes, boicotes, tentam dizer que é tudo plano comunista. Tudo que eu quero é igualdade para minha irmã, meu irmão, minha gente, para mim”. É preciso ver e ouvir Nina cantando.

Em menos de vinte quatro horas após o assassinato de Martin Luther King ela escreveu “Why?” (Por que?). Difícil traduzir os versos, mas eles dizem que não adianta derramar lágrimas pois elas não vão mudar nada. Diz que é preciso reagir. E termina:

“Ele viu o topo da montanha, e sabia que não podia parar.
Sempre vivendo com a ameaça de morte adiante.
Pessoal, vocês devem parar e pensar.
Todo mundo sabe que estamos por um triz.
O que vai acontecer agora que o Rei do Amor está morto?”
A pergunta continua pairando no ar.

Antes do filme sobre a viva de Nina Simone, o cinema apresentou um curta. Um mini documentário com depoimentos de jovens afro-americanos a respeito de nascer e crescer nos Estados Unidos. São rapazes que hoje têm 13, 15, 20 anos. Um deles diz que sempre conta quantos segundos se passam entre a mulher branca avistá-lo vindo em direção contrária na calçada e apertar a bolsa contra o corpo com mais força, ou atravessar a rua. Outro diz que ele mesmo muda de calçada para evitar constrangimentos. Não é fácil sair de casa com pena da mãe, conta outro, porque ela vive com o medo constante de que a polícia, encarregada da segurança de todos, tire a vida do filho. Não são poucos os casos...

Na última semana, a Suprema Corte americana legalizou o casamento gay em todo o país. As comemorações se multiplicaram aqui e no mundo. Derrubar um preconceito espalha uma onda de otimismo generalizada. Passados os anos 60, suas lutas e conquistas, Nina Simone ainda perguntava em uma entrevista: direitos civis? Que direitos civis? Com certeza, faria a mesma pergunta ainda hoje.

 

'O governo precisa de uma reforma radical em sua cúpula'

O deputado federal, Miro Teixeira (Pros-RJ), afirma ainda que há vários governos dentro do governo da presidenta Dilma Rousseff

Eduardo Mirandaeduardo.miranda@brasileconomico.com.br e Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br

 “Dilma loteou os ministérios. Ela é uma pessoa íntegra, mas essa falta de unidade do governo é fatal, isso não vai dar certo”, afirma Miro, ministro das Comunicações do governo Lula, quando, segundo ele, havia diálogo entre os ministérios. O deputado vê poucas alternativas para que a chefe do Executivo consiga afastar a crise de popularidade que atinge seu segundo mandato. Dentre elas, Miro propõe “uma reforma administrativa radical pela cúpula para trazer o número de ministérios a um ponto ideal, em torno de 18 a 20, e a nomeação de pessoas identificadas com as áreas, sem uma capitania de partidos políticos”. Sobre o cenário que se projeta para a eleição de 2018, o deputado aposta que o senador Aécio Neves (PSDB) não disputará com Marina Silva e Lula. “Outro dia, em Brasília, um jantar em torno do Alckmin reuniu 50 deputados do PSDB. Isso foi uma demonstração de força”, conta.

Como o sr. vê o atual momento do governo, que chega aos seis meses já tão desgastado?


A crise do governo é uma crise de confiança. As pessoas perderam a confiança nele. Você não tem, a rigor, um governo. Você tem vários governos dentro do governo Dilma, porque ela loteou os ministérios. Ela é uma pessoa íntegra, sobre ela não paira nenhuma suspeita de participar de atos de corrupção. Mas essa falta de unidade do governo é fatal, isso não vai dar certo. No primeiro governo Lula, havia unidade de governo. Éramos um governo, ninguém foi escolhido porque houve uma divisão entre partidos políticos, fomos escolhidos pela luta que travamos e pela identidade com a área em que cada um trabalhava. Nós nos entendíamos entre nós, um ministro ligava para o outro e se oferecia para colaborar quando via que o outro estava com dificuldades. Ou o ministro que estava com problemas ligava para os outros e pedia ajuda para implantar algum tipo de projeto que não estava tendo condições com os recursos apenas daquele ministério. Era um governo. Repito: um governo. O governo Dilma é o título para facilitar o trabalho dos jornais, mas são governos. Os ministros dão cabeçadas, acho que mal se conhecem. Enquanto isso não for resolvido, ela não conseguirá fazer o trem andar.

O que seria necessário fazer para que houvesse essa reforma por uma maior unidade no governo?

Uma reforma administrativa radical pela cúpula para trazer o número de ministérios a um ponto ideal, em torno de 18 a 20, e isso ainda seria muito. Mas o Brasil suporta isso. E nomear pessoas identificadas com as áreas, sem que isso signifique uma capitania de partidos políticos. Nossa atenção fica muito impressionada com ministérios, mas há áreas em que é incompreensível que políticos queiram fazer nomeações. O maior exemplo disso é aquele episódio do Severino Cavalcanti (presidente da Câmara em 2005), quando ele gritou que queria uma diretoria da Petrobras “daquela que fura poço”. Ora, ele queria uma diretoria daquela, obviamente, para quê, senão para roubar? Aquilo não dava projeção ao partido, não permitia que se implantasse uma política diferente que fosse visível ao povo. Aquele foi, sim, um momento muito simbólico do que vinha se passando no Brasil. Um momento em que havia a fragilidade do governo, por conta do Mensalão. Lula acaba cedendo para fazer o governo de coalização, que na verdade é de cooptação. E começa o crescimento do número de ministérios e a influência de partidos na nomeação de diretores de agências ou da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, da Petrobras e de outras áreas. Isso é dramático. É claro que o partido que ganha a eleição deve levar seu ideal para a administração, deve continuar no palanque. Essa coisa de dizer que o presidente ganhou e não desceu do palanque é uma bobagem.

O sr. concorda quando o presidente Lula diz que o PT hoje está mais preocupado com cargos do que com o projeto político?

Isso lembra aquela música do Ataulfo Alves, “Ai, que saudades da Amélia...”. Ele está dizendo que o PT hoje só pensa em luxo e riqueza. O Lula é uma força da natureza. Eu acho que ele quis mudar de assunto, a pauta de um modo geral está muito incômoda para o PT, a iminência de sair daqui a pouco na Procuradoria-Geral da República denúncias da Lava Jato contra aliados dele e da Dilma. Por isso, ele puxou uma pauta nova. Que o PT tem lutas internas, todo mundo sabe, e não é de hoje; que luta por cargos, também todo mundo sabe. Agora, isso dito pelo Lula ganha outra encorpação. Ele mudou a pauta, porque sabe trabalhar com isso. Quando ele assumiu o governo em 2003, os juros estavam muito altos. Ele, então, mandou o José Alencar, seu vice, bater nos juros altos. Ele está no governo e cria a oposição. Isso é de uma habilidade política muito grande.

Ele disse, inclusive, que o PT está velho. Não está faltando renovação na classe política?

É que as ideias evoluem lentamente. Tivemos o grande movimento na época da Constituinte, quando saímos da ditadura. Depois, tivemos o impeachment do Collor, que foi uma grande movimentação política. Quando Lula assumiu o governo, a rigor, o movimento social saiu da rua e perdeu expressão. Os sindicatos, as greves desapareceram. Quando se fala nas forças políticas, eu preferiria chamar assim, de um modo geral elas ficaram tímidas diante do governo Lula. E as reações existentes são reações radicais de direita, o que não qualifica. O que vem aí de novo é o partido da Rede Sustentabilidade.

A Rede tem condição de incorporar essa ala jovem que está insatisfeita com os rumos da política?

Eu creio que sim, porque é uma organização hoje reconhecida em vários países do mundo, é a primeira organização não governamental que vai se transformar em partido político e vai manter as características de organização social, as decisões serão tomadas horizontalmente, de comum acordo. Esse surgimento da Rede será um componente novo. E você sabe que um componente novo às vezes altera a vida dos outros, é aquele fenômeno da catálise.

Mas todo mundo diz que Marina Silva está muito retraída e tem se manifestado muito pouco...

A diferença está exatamente aí, Marina não é papagaio de pirata. Hoje você olha a atividade dos partidos e é tudo por um marquetismo de má qualidade. Há programas de partidos na televisão em que você não sabe se aquelas pessoas deveriam aparecer no vídeo, é uma falta de sinceridade notória. Ao contrário do que se passa com a Marina, que foi atacada de todos os modos quando candidata à presidente da República. Ela agora pode aparecer tranquilamente em qualquer lugar, porque não foi tentada a mentir para ganhar os votos de qualquer maneira. Ela não caiu na tentação. Acho que há um componente interessante na vida política da Marina.

Então, para 2018 já teríamos Marina, Aécio e Lula?

Eu acho mais que é Marina, Alckmin e Lula. O PSDB está se organizando muito em torno do Geraldo Alckmin. Outro dia houve um jantar aqui em Brasília em torno dele e compareceram 50 deputados do PSDB. Não foi brincadeira, foi demonstração de força.

E o PMDB teria candidato ou vai compor como sempre faz?

PMDB tem quadros para lançar candidato. Já falamos aí sobre os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e a projeção do prefeito Eduardo Paes. A Copa do Mundo é espalhada pelo Brasil inteiro, mas a Olimpíada é concentrada, é na cidade. As obras que estão em andamento e serão inauguradas, a energia que daí vai surgir vai fazer dele um nome nacional que não pode ser depreciado.

Há outros nomes?

O Michel Temer é vice-presidente da República e também não pode ser ignorado. Eu não percebo outro nome que tenha me empolgado na convenção.

Mas o PMDB, pelo menos com exemplos recentes na história, como foi o caso de Ulysses Guimarães, não conseguiu votos nessa disputa.

De repente, pode surgir um nome que hoje não está sequer cogitado, como foi o caso do Collor.

Mas haveria espaço para surgir esse novo nome?

Pode, e pode surgir um nome que não passa pelas nossas cabeças hoje. O quadro de conturbação do país pode levar ao surgimento de alguém que você hoje não enxerga como candidato à Presidência da República. Mas o provável é que se tenha um cenário com Marina, Lula e Alckmin.

Nós temos um Congresso muito forte ou um Executivo fraco?

O Executivo tem que ser forte, assim como o Congresso. O Congresso é forte porque a Constituição dá poderes e ele está exercendo esses poderes. Agora, o Executivo é que está fraco, e não seria útil para o país um Executivo forte e um Congresso fraco. Eu espero que o Executivo se fortaleça e que a oposição apresente mais alternativas, propostas, e que não fique apenas batendo. Na época em que fazíamos oposição ao Fernando Henrique Cardoso, o fazíamos com propostas alternativas àquilo que o governo apresentava. E às vezes votávamos com o governo. Eu votei a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal e fui patrulhado, mas podem patrulhar à vontade, não faz mal. Depois, o Fernando Henrique ligou para a liderança do PDT para agradecer, e eu disse: “Presidente, eu não votei por sua causa, não. Votei porque a lei é boa”. E é isso que nós temos que fazer pelo país. Eu desejo realmente que o governo recupere seu equilíbrio, porque não interessa ao país esse desequilíbrio na relação dos poderes. Temos um Judiciário que está se afirmando, especialmente nos tribunais superiores, temos um Legislativo no qual eu posso ou não gostar das pautas, mas as matérias estão sendo votadas, isso é a democracia: quem tem voto ganha, quem não tem voto, perde. E o Executivo está imobilizado.

O sr. vê mudanças nessa nova legislatura? Analistas falam que o presidencialismo de coalizão está cedendo espaço a um presidencialismo parlamentarista, por conta de medidas como a do orçamento impositivo?

Mas isso não separa presidencialismo de parlamentarismo. Nos EUA o sistema é presidencialista e o orçamento é todo impositivo, não são só as emendas parlamentares. O presidente da República é obrigado a cumprir o orçamento. A França tem um regime de semipresidencialismo, tem um primeiro-ministro, e se o presidente da república perder a eleição parlamentar, perde prerrogativas para o primeiro-ministro. Cada país tem a sua característica. Nós não temos essa questão do presidencialismo com viés parlamentarista. A única coisa que nós temos de viés parlamentarista aqui é a medida provisória. Ela é típica do regime parlamentar, ela veio do parlamentarismo italiano. Eu, pessoalmente, não gosto da ideia das medidas provisórias, é a lei de uma pessoa só e entra em vigor na data da publicação. Portanto, a pergunta é pertinente, tenho lido trabalhos de cientistas políticos nesse sentido, mas penso que é um equívoco bastante grave, porque a presidenta da República permanece com poder de veto.

Falou-se muito da reforma política, mas o Congresso acabou decidindo por questões muito pontuais e que não mudarão tanto. Por que isso aconteceu?

Eu só acredito em reforma política com plebiscito. Os sistemas eleitorais são definidos historicamente pelas assembleias constituintes ou por movimentos golpistas. Em 1930, Getúlio (Vargas)acabou com a eleição, que restabeleceu depois. Em 1964, tivemos a criação do senador biônico. Ou é Constituinte, ou é golpe. No caso de Getúlio, foi revolução. Por que isso? Porque a Constituinte é poder originário, é o povo se expressando diretamente. O Congresso é poder derivado. Se tivéssemos uma Constituinte novamente, teríamos a possibilidade e a legitimidade até de ampla mudança. Não sendo isso, só com o plebiscito, com o povo falando, porque o povo é o representado. O poder que o juiz tem é do povo, o poder do ministro é do povo, o poder do presidente da República de editar um decreto é do povo. Como é que nós, que somos os representantes, vamos dizer qual é o sistema pelo qual nós nos elegemos?

Não se optou pelo plebiscito.

Nem foi votado.

O que se viu foi o Congresso tomar decisões sobre assuntos que sequer estavam em pauta. A ampliação de mandato é apenas um dos exemplos.

E você acha que o Senado vai deixar isso passar em branco?

Mas é que eram questões que sequer estavam em pauta.

O deputado Marcelo Castro (PMDB), relator da reforma política, é psiquiatra. Eu tenho brincado com ele, porque se dizia que a reforma política é a mãe de todas as reformas. Com o psiquiatra, você matou a mãe. Nada mais freudiano. Mas ele diz que quem matou a mãe foi o Eduardo Cunha (presidente da Câmara e deputado do PMDB). Alguém matou a mãe de todas as reformas.

Em junho de 2013, tivemos multidões nas ruas exigindo uma mudança da cultura política. Mas a gente vê o Congresso olhando para o próprio umbigo...

A impressão que ficou é que a reforma foi feita para os políticos. E mesmo assim ficaria pior, se fosse aprovado algo que foi rejeitado, que é a coincidência de todas as eleições, de vereador a presidente da República. O país ficaria cinco anos sem ter eleição. Isso é ruim para a democracia, e bom para quem tem mandato. Se você acha que está ruim, eu concordo. Agora, poderia ter sido pior.

Havia uma expectativa de mobilização dos movimentos sociais pela reforma política, mas isso não aconteceu. A que se deve essa frustração?

<Houve deliberação, os temas foram votados, aprovados ou rejeitados. Ninguém pode dizer que não houve deliberação. A mim não agrada, mas houve. Eu fui autor de uma PEC do chamado distritão, mas como é difícil dividir distritos... O povo já acha que é majoritário. Ele tiraria a importância das coligações, os partidos não estariam obrigados a encher uma chapa de candidatos, muitas coisas se resolveriam aí. Um voto é igual a R$ 9 por ano no Fundo Partidário. Se um partido encher uma chapa de candidatos, ele não ganha recurso do Fundo só com os eleitos, ele ganha com cada voto que a legenda obtém. Isto é uma tragédia, o dinheiro estragou os partidos políticos no Brasil, é dramático.

Esse sistema de hoje de sustentação política do governo tem validade vencida? Como se poderia governar sem esse tipo de “concertação política”, como diz o Tarso Genro?

Com a inflação em alta e popularidade em baixa, as soluções têm que ser radicais. Eu insisto que tem que ser uma reforma administrativa pela cúpula. É preciso dizer que está cortando e iniciando uma nova fase, que não é de cooptação de quadros políticos. Se dirigir diretamente à opinião pública e defender cada projeto do governo diante da população. Se não fizer isso, a Dilma vai ficar o resto do mandato igual a toco de enchente, indo pra lá, indo pra cá, rodando. Ela é uma boa pessoa, contra quem não recai qualquer suspeita, mas que não está andando na administração, não está revelando eficiência.

Mas ela pode fazer um movimento nessa direção?

Pela trajetória passada, ela pode surpreender. Ela pode até dizer: “Agora, minha paciência se esgotou. Vou fazer do meu jeito”.

Mesmo sem o apoio do PT?

Se você quiser fazer uma construção, de repente essa frase do Lula, de que o PT só pensa em cargos, pode ser um ato preparatório para isso também.

Não seria, então, algo contra ela, mas combinado com ela.

Que é combinado, eu não tenho dúvidas, o objetivo é que não sei. Lula e Dilma estão afinadíssimos.

Ela tem condições, então, de sair do “volume morto”?

Tem sim. O presidencialismo dá muitos instrumentos ao Presidente, que é muito forte, mesmo fragilizado. Ela, não tendo esse pecado da corrupção marcado na testa, tem capacidade de reação a qualquer momento. Se tivesse esse estigma, não haveria saída e iria ladeira abaixo.

Mesmo com a economia mal?

Não tendo esse estigma, ela vai tocando. Isso é ruim, mas não haverá nada dramático.

Como o sr. vê essa agressividade tão presente no debate político?

Está caminhando para o ódio. Agora, é uma minoria. Essas minorias sempre chamam atenção. Mas não é a massa, o povo brasileiro não é assim. É a história dos black blocs. Se, em uma manifestação de 50 mil pessoas, você tem 20 jogando pedras, a notícia vai ser a pedra.

O sr. disse que o povo não é odioso e defendeu o plebiscito da reforma política. Mas qual é sua posição sobre o plebiscito para questões mais sensíveis, como a maioridade penal?

O plebiscito não pode ser um elemento de fuga de responsabilidade. Cada um tem que assumir sua parte, não pode usar o povo como paredão para se preservar. O plebiscito tem que ser executado cada vez mais. Porém, esses temas que são de mais dura decisão podem ser até objeto de referendo, mas com os parlamentares votando primeiro, botando a cara para o povo saber como eles se comportam.

O sr. é a favor da redução da maioridade penal?

Eu, não! Sou contra. Sei que 90% da população é a favor, mas isso não vai resolver. Se resolvesse, eu seria a favor. Quando você sai de 18 para 16 anos, o crime organizado vai captar os seus soldados abaixo dos 16. Você tem fórmulas mais inteligentes, como a da periculosidade, na qual não importa a idade. O primeiro Código Penal que o Brasil tem é de 1830, no qual a maioridade penal se dava aos 14 anos. Depois, veio o segundo, de 1890, que estabelecia a maioridade penal relativa dos 9 aos 14 anos, e integral acima de 14. Não tem erro novo nessa discussão, só erro velho. Isso, a rigor, é uma cortina de fumaça para os governos ocultarem sua incompetência. O governo tem que impedir a prática do crime, não é atribuir a solução a uma lei que trata da pena. Porque, aí, o crime já foi praticado, o autor foi investigado, o crime esclarecido. O Brasil é um país que tem 80% de crimes insolúveis. Quem quiser simplificar dessa forma, está enganando o povo. Vão votar, serão aplaudidos e cantarão: “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor...”.

Essa legislatura é a pior que o sr. já viu?

Cada legislatura é diferente da outra. Até o momento, não teve nenhum fator que coloque a marca nessa legislatura.

E o Eduardo Cunha como presidente da Câmara?

Mas isso não é uma marca da legislatura, ele tem um mandato de dois anos. Sua Excelência é o fato que domina a esfera política. Até porque os políticos deixaram de tentar produzir os fatos. Eles ficam seguindo os fatos para sair no jornal e na televisão.

Todos falam de 2018, mas haverá eleições importantes no ano que vem. O PMDB, que já tem o maior número de prefeitos, vai faturar alto?

O PMDB é o partido mais estruturado nacionalmente para a eleição municipal. Acabou sendo o partido que, nacionalmente, não tem dono. Ninguém pode antever o resultado de uma convenção. Era uma característica do Ulysses, que não fazia sequer o diretório de sua cidade. Ele presidia o PMDB nacional porque fazia a mediação entre todas as forças. Isso, hoje, é o Michel Temer. Ele não se dedica à formação de diretórios ou realização de forças que possam marcar numa convenção. Ele faz a mediação das ideias do partido. Cada vez mais, o PMDB vai se estruturando e ganhando capilaridade nacional, enquanto os outros ficam muito situados em alguns estados, inclusive o PT. Creio que será o partido que sairá com o maior número de prefeituras e vereadores eleitos, mesmo em capitais. Isso até a Rede estar consolidada, porque aí irão perder para nós (risos).

O PT será alvo de rejeição no ano que vem?

A rejeição se trava muito em cima dos nomes colocados. Não acho que haverá uma contaminação da sigla dessa maneira. Acho que os nomes serão respeitados pela população, que sabe quem é quem. O povo, quando bem informado, é imbatível.

Qual será a participação da Rede nas eleições de 2016?

Embora tenhamos auditado as certidões, acredito que o TSE só praticará os atos formais por volta de agosto. Teremos apenas setembro para afiliar, um prazo muito curto, por conta da exigência de filiação um ano antes da eleição. Então, nossa prioridade não vai ser um lançamento massivo de candidatos.

 

quarta-feira, 24 de junho de 2015


Prefeitura e Exército firmam parceria para conclusão da ciclovia Boulevard-Ponta Negra


A obra faz parte do pacote de verão da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e será realizada em parceria com o Exército Brasileiro

Manaus (AM), 23 de Junho de 2015

ACRITICA.COM*

 

Ciclovia Boulevard-Ponta Negra será concluída ainda este ano (Euzivaldo Queiroz)

Nesta terça-feira (23), em visita ao Comando Militar da Amazônia, zona Oeste da capital, o Prefeito Arthur Virgílio Neto confirmou que ainda este ano, a Prefeitura de Manaus vai concluir a construção da ciclovia Bouvelard-Ponta Negra.

A obra faz parte do pacote de verão da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e será realizada em parceria com o Exército Brasileiro.

“O Exército é um parceiro da cidade de Manaus e este ano não seria diferente. Temos a meta de finalizar o projeto da ciclovia Boulevard-Ponta Negra e caberá a eles o trecho localizado na avenida Coronel Teixeira”, explicou Arthur.

Em contrapartida, a prefeitura vai revitalizar a praça Duque de Caxias, em frente ao 1º BIS - Batalhão de Infantaria de Selva -, do mesmo modo como foi feito com a praça Coronel Jorge Teixeira, em frente ao Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), ambas no bairro São Jorge, zona Oeste.

“É mais um espaço que será ocupado dia e noite pela população, garantindo mais lazer e qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que oferecemos essas melhorias também estamos contribuindo para minimizar a ação de bandidos, que se aproveitam de espaços abandonados para praticar seus crimes”, destacou o prefeito.

No CMA, Arthur Neto participou da abertura da 13ª Operação Ricardo Franco, que reúne, em Manaus, alunos/oficiais no último ano do Instituto Militar de Engenharia (IME) para elaboração de projetos de defesa e desenvolvimento da Amazônia.

“Esses jovens são capazes de pensar o Brasil. São uma academia de formuladores de novos horizontes. Irei pedir um apanhado das propostas aqui apresentadas, para saber o que esses cérebros privilegiados produziram sobre a Amazônia do futuro, sobretudo no momento em que o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) passa por sua maior crise”, concluiu o prefeito.

Este ano, os trabalhos foram baseados na busca por novas alternativas de desenvolvimento sustentável.

Os alunos/oficiais passaram aqui menos de um mês e nesse período estudaram as necessidades e os pontos fortes da região.

Entre os destaques, estão trabalhos voltados para exploração de fontes de energias alternativas, abastecimento e distribuição de água potável, comunicações na Amazônia, ideias que poderão ser trabalhas em soluções de curto e longo prazos, e mais detalhadas em estudos posteriores de mestrados e doutorados.

 

Americanos mandam armamento pesado para a Europa


As armas pesadas norte-americanas serão deslocadas pela primeira vez em países que aderiram à Otan e que, antes da queda do Muro de Berlim, pertenciam à esfera de influência da extinta União Soviética

23 de Junho de 2015

AGÊNCIA LUSA

Uma brigada norte-americana reúne cerca de 5 mil homens. (Divulgação)

Os Estados Unidos enviarão, pela primeira vez, armamentos pesados para os países da Europa Central e do Leste para reforçar essa área da Organização do Tratado do Atlântico do Norte (Otan), anunciou hoje (23) o secretário da Defesa americano, Ashton Carter.

“Vamos colocar temporariamente armamentos para uma brigada, incluindo veículos de combate e equipamentos associados, nos países da Europa Central e do Leste”, disse Carter, em entrevista coletiva na capital da Estônia, Tallinn.

O responsável pela Defesa dos Estados Unidos disse que o reforço militar inclui o envio de tanques, veículos blindados e equipamento de artilharia móvel para infantaria. Uma brigada norte-americana reúne cerca de 5 mil homens.

“A Estônia, assim com a Lituânia, Letônia, Bulgária, Romênia e a Polônia aceitaram acolher material suficiente para equipar entre uma companhia e um batalhão. O material vai circular na região para treinos e exercícios”, informou Carter.

As armas pesadas norte-americanas serão deslocadas pela primeira vez em países que aderiram à Otan e que, antes da queda do Muro de Berlim, pertenciam à esfera de influência da extinta União Soviética.

Os países bálticos e outros países da Europa do Leste têm revelado inquietação na sequência da anexação da Crimeia pela Rússia e dos combates na Ucrânia, onde os separatistas pró-russos contestam a autoridade do governo ucraniano no Leste do país.

 

 

 

BC vê IPCA um pouco menor em 2016 e maior contração do PIB neste ano

Relatório Trimestral de Inflação prevê inflação de 4,8% no próximo ano, ante previsão anterior de 4,9%. Para o PIB de 2015, expectativa é de que a atividade econômica tenha retração de 1,1%

Reutersredacao@brasileconomico.com.br

Brasília - O Banco Central melhorou sua perspectiva para inflação para 2016, embora ainda não a veja no centro da meta de 4,5%, enquanto piorou a expectativa para o comportamento dos preços em 2015, ao mesmo tempo em que vê maior contração da economia neste ano, mostrou nesta quarta-feira o Relatório Trimestral de Inflação.

Agora, o IPCA de 2016 deve subir 4,8%, sobre 4,9% esperados até então. Para 2015, o indicador deve avançar 9,0%, acima dos 7,9% de antes. A autoridade monetária também piorou muito sua conta sobre o Produto Interno Bruto (PIB) para o ano, com contração de 1,1%, na comparação com projeção anterior de retração 0,5%.

 

terça-feira, 23 de junho de 2015


ONU parabeniza o anúncio de retirada de grupos armados de cidade no leste de Mali









O grupo conhecido como “Plataforma” vai retirar suas tropas da cidade de Menaka, em conformidade com os acordos para a cessação das hostilidades.

 

Tropas da ONU do contingente de Níger em patrulha em Menaka, Mali. Foto: MINUSMA / Marco Dormino

A Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali (MINUSMA) celebrou o anúncio feito quinta-feira (18) à noite pelos grupos armados da chamada “Plataforma” de retirada das suas tropas da cidade de Menaka, em conformidade com os acordos para a cessação das hostilidades.

“A MINUSMA apoia a decisão corajosa e responsável pelos movimentos da Plataforma, o que demonstra o seu empenho em promover o processo de paz para o benefício de todos os malineses”, disse o representante especial e chefe da MINUSMA, Mongi Hamdi.

Em um comunicado de imprensa, o Conselho de Segurança da ONU reiterou seu apoio ao Acordo de Paz e Reconciliação em Mali, assinado em maio passado em Bamako pelo governo e a Plataforma.

Em coordenação com as autoridades competentes, a MINUSMA também disse que vai acelerar a implementação, na localidade de Menaka, das disposições de segurança incluídos no regime. Esta medida é temporária e permanecerá em vigor até que o estabelecimento de mecanismos relevantes no âmbito do Acordo de Paz de 15 de maio de 2015 e de acordo com sua implementação