segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Começa em Brasília a 21º Conferência Anual da Associação Internacional de Centros de Manutenção de Paz



Foto: Tereza Sobreira
Conferência visa debater desafios das missões de paz e estreitar parceria para treinamentos militares
Na abertura, o representante do presidente da IAPTC, coronel indonésio Taufik Santoso, explicou que a pretensão é que a conferência aumente as parcerias para treinamentos. “As operações de paz têm sido a mais importante resposta para solucionar situações de conflito.” Ele disse, também, que exercícios integrados servem para estabelecer habilidades e são ferramenta fundamental para ações humanitárias.
Esta 21ª edição conta com 213 participantes, entre militares (131), civis (67) e policiais (15),  de 50 países. A maior parte deles vem dos continentes americanos. A Associação Internacional de Centros de Manutenção de Paz é uma organização criada em 1995 que possui, atualmente, mais de 80 nações integrantes. A próxima conferência será realizada na Bósnia, em 2016.
Brasil em missões de paz
O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, participou da abertura do evento representando a Defesa. Ele relembrou a primeira reunião da IAPTC, há 20 anos, no Canadá. “Vemos que em 1995, a assembleia-geral da Organização das Nações Unidas [ONU] já manifestava interesse em treinamentos para operações de paz”, falou.
O general De Nardi fez, ainda, um breve histórico sobre a participação do Brasil em missões no exterior. “Estivemos sempre presentes desde 1948 com o envio de observadores à região dos Bálcãs, na porção meridional da Europa. E depois em 1956 com o batalhão de Infantaria em Suez”, resumiu. E completou: “A paz requer atenção permanente. Nesse caso, as operações são instrumento político legitimado pela ONU”. 
Ao longo dos anos, o país atuou em 50 das 71 operações da ONU, tendo enviado mais de 47 mil homens e mulheres para essa atividade. Hoje, o Brasil está ativo em dez nações, com o comando em duas delas: no caso da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) e na Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano.
Para o comandante do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), coronel José Ricardo Vendramin Nunes, ao sediar a 21ª conferência, “o país demonstra para a comunidade internacional o total comprometimento com as missões dessa natureza”. Ainda de acordo com o oficial, o maior desafio, hoje, é reunir as capacidades militares, civis e policiais necessárias para cumprir os mandatos de segurança das Nações Unidas. O CCOPAB é um centro que prepara profissionais que irão integrar ações no exterior. Está localizado na cidade do Rio de Janeiro e já capacitou brasileiros e estrangeiros.  
A cerimônia inicial contou com a presença do comandante do Exército, general Eduardo Dias Villas Bôas; e do terceiro subchefe do Comando de Operações Terrestres, general Gláucio Lucas Alves – coordenador-anfitrião do evento.
Exposição
Durante a semana, além de plenárias e seminários, haverá a exposição de estandes de Centros de Operações de Paz de diversos países. A 21ª Conferência Anual da IAPTC não é aberta ao público, mas terá cobertura em tempo real no site www.ccopab.eb.mil.br.
Por Marina Rocha
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa

Guyana estudia comprar nuevas naves de combate
"El objetivo es, en una manera estructurada, en desarrollar nuestro equipo de defensa aéreo", dijo el jefe militar de Guyana, Mark Phillips 

(Créditos: Demerara Waves) 
27-09-2015 01:22:57 p.m. | EFE.- Guyana analiza la posibilidad de adquirir nuevas naves de combate para su Fuerza Aérea de Defensa, según dijo hoy su jefe militar, Mark Phillips, como parte de un plan estratégico de cinco años que se le consultará al Gobierno. 

En rueda de prensa este domingo, Phillips explicó que la decisión final para la adquisición del equipo militar dependerá de un análisis de amenaza para el país, que actualmente se encuentra en una disputa con
 Venezuela por la región del Esequibo y el río Cuyuni. 

"El objetivo es, en una manera estructurada, en desarrollar nuestro equipo de defensa aéreo", dijo Phillips, al agregar que las propuestas han sido presentadas a la
 Junta de Defensa del país de la nueva administración gubernamental elegida en mayo pasado. 

Phillips, quien rechazó decir si las Fuerzas de Defensa de Guyana estaban interesadas en comprar helicópteros militares como
 Surinam hizo de la India, indicó que según varios expertos en aviación, la construcción de un nuevo modelo de este tipo de aeronave costaría al menos 14 millones de dólares. 

La tensión entre
 Venezuela y Guyana, en disputa por la región de Esequibo y el río Cuyuni, creció la semana pasada, lo que llevó a que el Gobierno venezolano preparara a cientos de sus soldados para un posible conflicto con su país vecino. 

Phillips había subrayado anteriormente que sus soldados son entrenados para responder a cualquier agresión contra las fronteras de Guyana, lo que incluye supervisar y reportar de cualquier violación a la integridad territorial del país suramericano. 

La disputa por la región de Esequibo está bajo mediación de la ONU desde la firma del
 Acuerdo de Ginebra en 1966, pero se agudizó después de que la compañía estadounidense Exxon Mobil descubriera en mayo pasado yacimientos de petróleo en aguas costeras de la zona en litigio. 

El Gobierno de Venezuela respondió al hallazgo con un decreto que redistribuye al territorio venezolano en áreas conocidas como
 Zonas Operativas de Defensa Integral (Zodi) e incluye ese territorio marítimo en discusión.




"Não cabem atalhos na Constituição", diz comandante do Exército Villas Boas

"Não há hipótese de os militares voltarem ao poder", declara o general

http://app2.correiobraziliense.com.br/access/noticia_127983242361/500267/63/eq.gif
 postado em 27/09/2015 08:00 / atualizado em 27/09/2015 10:20
"Estamos correndo o risco de retroceder 30, 40 anos, quando uma indústria de defesa era a oitava do mundo e tinha conquistado mercados externos, mas se perdeu praticamente toda"


O gaúcho Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, 63 anos, é o chefe de 217 mil militares. Comandante do Exército desde o último mês de fevereiro, ele enfrenta duas das missões mais difíceis de uma carreira iniciada em 1967: o corte orçamentário que atinge os projetos definidos como estratégicos pela Força e a ausência de reajustes da categoria. “Corremos o risco de retroceder 30, 40 anos na indústria de defesa”, disse Villas Bôas. Durante entrevista exclusiva na manhã da última sexta-feira, o general também lamentou a defasagem dos rendimentos da tropa, principalmente se comparados aos de outras carreiras.

Villas Bôas teme que todos os projetos estratégicos — que incluem defesa antiaérea e cibernética, proteção das fronteiras, renovação da frota de veículos — se percam por falta de dinheiro. Ao longo de 90 minutos, no gabinete principal do Quartel-General do Exército, Villas Bôas falou pela primeira vez com um veículo de imprensa. Ele disse não haver chance de os militares retomarem o poder no Brasil, elogiou o ministro da Defesa, Jaques Wagner, e disse que o país precisa de uma liderança efetiva no futuro. “Alguém com um discurso que não tenha um caráter messiânico — e é até um perigo nessas circunstâncias. Alguém que as pessoas identifiquem como uma referência.”

Programas das Forças Armadas, mais especificamente do Exército, sofrerão cortes drásticos. Como o senhor avalia essa dificuldade?
Com preocupação. A situação financeira que a gente tem ouvido é que o ano que vem será tão ruim quanto este. E 2017 também será um ano muito, muito ruim, seguido de um período razoável de crescimento muito baixo. Isso indica que não vão haver mudanças significativas no orçamento. Estamos correndo o risco de retroceder 30, 40 anos quando uma indústria de defesa era a oitava do mundo, tinha conquistado mercados externos, mas se perdeu praticamente toda. A gente corre o risco de isso vir a acontecer novamente, porque nesses anos os projetos ficaram no mínimo para não serem descontinuados. Mas, se isso prosseguir, acredito que as empresas não terão condições de manter projetos. E a perda é muito grande.

Qual é o risco imediato?
O Guarani é um programa de longo prazo, de um custo total de R$ 20 bilhões. Íamos comprar 1.200 carros, mas, neste ritmo dos cortes orçamentários, de adquirir 60 carros por ano, vamos levar 20 anos. O ciclo de implantação não será concluído e já estará obsoleto. Atravessamos um período de 30 anos de penúria orçamentária. Com isso, o Exército foi se esgarçando, porque não é da nossa natureza dizer não. Se se estabelece que é necessário o cumprimento de alguma tarefa, vamos cumprir. Nós nos acostumamos a matar um leão por dia, mas perdemos a capacidade de pensar a longo prazo, estrategicamente. Até que veio o governo do presidente Lula e essa série orçamentária que era declinante se reverteu e começou a melhorar.

Com o ministro Nelson Jobim?
O marco foi quando o presidente Lula chamou o ministro (Nelson) Jobim para o Ministério da Defesa e disse: “Sua missão é colocar a defesa na pauta de discussão nacional”. E, aí, o ministro Jobim, com o ministro Mangabeira Unger, elaborou uma Estratégia Nacional de Defesa, um marco na história da defesa. Pela primeira vez, o poder político disse aos militares qual era a concepção de Forças Armadas, o que entendiam como necessário para o Brasil. Por exemplo, a estratégia nacional de Defesa determina que o Exército deve cumprir a estratégia da presença, principalmente na Amazônia. Sempre estabelecemos que a nossa estratégia da Amazônia era a presença. Por uma coisa autoimposta. Porque a gente entendia que era a maneira adequada de tratar o tema. Mas, com a estratégia, isso teve um efeito especial, porque há uma contrapartida. Tive condições de apresentar a nota para o governo. Outra mudança importante foi em relação aos projetos estratégicos. É importante que os recursos das Forças Armadas tenham previsibilidade e regularidade, porque não adianta ter um volume grande de recursos num ano e, no outro, não ter. Com a estratégia nacional de Defesa a gente pôde fazer uma reestruturação interna do Exército.

Como assim?
Em 2010, houve o terremoto no Haiti, em 12 de janeiro. Já estávamos no Haiti. Imediatamente a ONU pediu que o Brasil dobrasse o efetivo. Eram mil e poucos homens e pediram que a gente dobrasse o efetivo. Isso custou três semanas para reunir um batalhão para levar para o Haiti. Veja que um Exército de 200 mil integrantes levar três semanas para organizar um batalhão para ir para o Haiti — isso porque a gente já estava lá — não podia ser assim. Aquilo foi uma gota d’água. Um Exército como o nosso, de um país como o nosso, tem que estalar os dedos e deslocar um batalhão nas áreas de interesse estratégico, em 24 horas, 48 horas. Então isso foi um alerta que ligou e começamos um processo de transformação. A Marinha e a Aeronáutica saíram na frente, porque eles estavam acostumados a grandes projetos, como no caso dos projetos dos aviões. A Marinha já vinha tratando do projeto do submarino. E a gente se estruturou para gerenciar esses sete grandes projetos que agora é que estão amadurecendo. Ainda estamos na fase de operação, e vamos ter essa interrupção.

É uma frustração?
É uma reversão de uma expectativa extremamente positiva.

O Brasil defende uma presença no Conselho de Segurança e, no ntanto, as Forças Armadas sofrem restrições. Não há incoerência?
Um país como o Brasil, que hoje é a oitava economia do mundo, naturalmente tem assumindo uma liderança regional, na América Latina, expandindo a sua área de interesse, pleiteando assento no Conselho de Segurança da ONU. Um país que pretende atingir esse patamar tem de ter capacidade de fazer o que se chama de projeção de poder. Precisa ter presença diplomática, econômica. Preciso ter presença política, capacidade de influência, e tudo respaldado por uma capacidade de presença militar. E isso pressupõe projeções de força. O país projeta poder e essa projeção de força cabe às Forças Armadas. Estamos caminhando nessa direção, de adquirir essa capacidade de realizar a projeção de força. E agora se vê interrompido. Pelas projeções que se fazem hoje, antes de 2035, tudo que foi concebido agora estará obsoleto. Isso que está acontecendo não afeta apenas o Exército. Afeta um projeto de um país. O Brasil tem uma conjuntura estratégica peculiar. São poucos países que vivem essa preocupação, como a China, a Índia, a Rússia. Vivemos em pleno século 21 com metade do nosso território não ocupado, não integrado, não articulado, com a população não dispondo de infraestrutura social e econômica para atender às necessidades. E a única capacidade de atendimento das necessidades básicas da população está nas Forças Armadas. Isso exige de nós estar espalhados, com capilaridade no território. Com isso, temos dificuldades para trocar quantidade por qualidade. Temos que adquirir qualidade, mas, ao mesmo tempo, manter a quantidade, essa presença que temos em muitos lugares. Por exemplo, na Amazônia, a nossa presença física, um pelotão especial de fronteira, está delimitando o espaço da soberania brasileira. Até coisas básicas ela cumpre hoje. Por exemplo, as comunidades indígenas, numa grande área, dependem do atendimento médico do Exército.

O senhor atribui essa dificuldade no corte do orçamento a uma ngerência política?
Não. Atribuo à crise econômica que o país está vivendo. A partir do momento em que o Brasil apresentou esse orçamento pressupondo um deficit... A gente tem a consciência da realidade do país. Essa é uma característica nossa. O Exército tem uma interface com a sociedade. Passamos tempo na favela da Maré, a gente conhece a realidade das pessoas. E o Brasil é um país com muitos problemas de desigualdade social, de falta de infraestrutura. Eu não queria estar no lugar do governo, na área econômica, porque eu vejo a dificuldade que eles têm. O Ministério da Saúde, com todos os problemas, sofreu um corte de R$ 12 bilhões. Eu não vejo intenção política de prejudicar as Forças Armadas.
A oposição atribui ao fato de o ministro Jaques Wagner estar voltado para negociações políticas a falta de atenção com a Defesa.

Devo confessar que o Ministério da Defesa fez um bom trabalho na negociação do orçamento. Apesar dos problemas econômicos, eles conseguiram preservar programas. Poderia ter sido pior. Preciso admitir que foi um trabalho intenso e consistente. E foi uma das melhores negociações de orçamento que a gente já viu.

O Exército cada vez mais assume funções sociais, como saúde, segurança. Quando o poder público civil falha, chama-se o Exército. O senhor considera essa função atípica?
Essa questão está sempre presente nos nossos fóruns. São dois polos. Um polo é aquele que o Exército e as Forças Armadas se destinam apenas à defesa da Pátria, ou seja, o Exército ficaria só para fazer guerra. O outro polo é de gente que acredita que o Exército virou uma empresa de prestação de serviços. Mas, na verdade, o que se vê na tendência mundial é que as Forças Armadas têm de estar em condições de atender às demandas da população.

Então estamos no caminho certo?
Sim, estamos no caminho certo. O nosso projeto do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) não é um sistema para capacitar o Exército a realizar aquelas tarefas de combater o crime organizado, o narcotráfico, de armas ou contrabando. Não. É uma estrutura para que o Exército proporcione às instituições responsáveis por aquelas tarefas condições de realizá-las.

Nesse momento crítico, a questão dos salários é uma coisa forte...
É um problema grave. Se colocarmos ou fizermos um ranking dos salários das polícias militares, o Exército estará no meio.

E deveria estar aonde?
Deveria estar no topo. É um parâmetro. O que o governo tem despendido para o pagamento de pessoal das Forças Armadas vem decrescendo em relação a outros setores. Já estávamos achatados, e agora a tendência é mais ainda, o que só se agrava, porque o aumento viria até janeiro do ano que vem escalonado. E já foi adiado por sete meses. É um esforço que está sendo realizado por todo o país, só que surpreende quando a gente vê categorias ganhando aumento substancial num momento como esse. Isso, claro, aumenta a frustração interna.

O senhor fica sem discurso.
Claro.

E também perde gente capacitada.
A procura pelas Forças Armadas oscila pouco, mas é sempre alta. E nós temos dificuldade de conhecimento, a evasão aumenta nos setores de mercado, por exemplo em áreas técnicas, de engenharia, saúde. Isso é mais um dos efeitos negativos da frustração que os cortes dos projetos causam. Um engenheiro se envolve num projeto como se esse aquilo fosse a vida dele, com paixão. (Com os cortes), ele fica mais suscetível a esse tipo de atrativo externo do mercado.

Qual é o ponto de vista do Exército em relação à descriminalização das drogas?
O combate às drogas nas cidades não é atribuição nossa. Mas tomo como referência a posição de duas instituições importantes. Em primeiro lugar, as polícias, que fazem a linha de frente e sofrem com isso. Elas entendem que vai haver uma piora. Até porque já há a descriminalização. Vai se criar uma elasticidade maior, o que será mais difícil ainda de coibir. E o outro é a área médica. Conversei com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. Ele está muito preocupado em relação à descriminalização. Diz que, muito provavelmente, vai aumentar o índice de suicídios. O Exército não se pronunciou institucionalmente. Pessoalmente, me balizo e me manifesto por essas orientações. Mas confesso que, como está, não está bom.

O que o senhor quer dizer?
Se me perguntarem qual é a maior ameaça à segurança do país, digo que é o tráfico de drogas. Porque temos uma fronteira de quase 17 mil quilômetros. Estados Unidos e México têm 3 mil quilômetros de fronteira, e o governo americano, com todo aquele aparato policial e tecnológico, não consegue vedar. Imagine o que é para nós. Temos um país vizinho que é produtor de cocaína e maconha. Somos o segundo maior consumidor do mundo e somos corredor de passagem. Nós, do Exército, estamos muito preocupados pela iminência de que haja plantio de coca dentro de nosso território, porque foi desenvolvida uma variedade adaptada ao clima quente e úmido da Amazônia baixa. Então, junto à fronteira brasileira, está repleto de plantio de coca. Para isso passar para nosso território, é um pulo. Então há essa preocupação muito grande para que não nos tornemos também produtores de coca, porque isso altera nossa posição, juridicamente, no ambiente internacional. O tráfico na Amazônia ainda é pouco organizado, mas está caminhando para se organizar. As grandes organizações criminosas de Rio e São Paulo estão chegando lá. Em Manaus, surgiu uma grande organização, chamada Família do Norte, que faz a interface das produções dos países vizinhos com o comando de São Paulo. Na fronteira com os países vizinhos já se detectou a presença de cartéis internacionais, com modus operandi muito violento e capacidade de contaminação de instituições muito grande.

Há também o problema das armas.
De onde vem a droga, vai a arma. Paga-se um pelo outro. É um problema muito sério, que está se agravando. Os indicadores das polícias apontam a presença de armas cada vez mais sofisticadas e potentes nas mãos do crime organizado.

Qual é o atraso hoje no Sisfron?
Este ano era para termos concluído a implantação do projeto piloto no Mato Grosso do Sul e em Rondônia. Isso só vai acontecer, provavelmente, em 2016. Talvez até se estenda mais um ano. No projeto como um todo, a previsão para concluirmos a implantação era 2022. Agora, a se manter o atual ritmo, deve-se concluir em 2035, apenas, ou depois até. E nesse projeto Sisfron, que usa tecnologias críticas, mais avançadas, a obsolescência é mais rápida. Então não teremos cumprido a implementação e já estaremos às voltas com mais necessidades.

É uma crise claramente econômica. Mas há uma crise política. Há risco de instabilidade? Há preocupação do Exército nesse sentido?
Há uma atenção do Exército. Eu me pergunto: o que o Exército vai fazer? O Exército vai cumprir o que a Constituição estabelece. Não cabe a nós sermos protagonistas neste processo. Hoje o Brasil tem instituições muito bem estruturadas, sólidas, funcionando perfeitamente, cumprindo suas tarefas, que dispensam a sociedade de ser tutelada. Não cabem atalhos no caminho.

O que acha dos manifestantes que defendem intervenção militar?
É curioso ver essas manifestações. Em São Paulo, em frente ao Quartel-General, tem um pessoal acampado permanentemente. Eles pedem “intervenção militar constitucional” (risos). Queria entender como se faz. Interpreto da seguinte forma: pela natureza da instituição, da profissão, pela perseguição de valores, tradições etc. A gente encarna uma referência de valores da qual a sociedade está carente. Não tenho dúvida. A sociedade esgarçou seus valores, essa coisa se perdeu. Essa é a principal motivação de quererem a volta dos militares. Mas nós estamos preocupados em definirmos para nós a manutenção da estabilidade, mantendo equidistância de todos os atores. Somos uma instituição de Estado. Não podemos nos permitir um descuido e provocar alguma instabilidade. A segunda questão é a legalidade. Uma instituição de Estado tem de atuar absolutamente respaldada pelas normas em todos os níveis. Até para não termos problemas com meu pessoal subordinado. Vai cumprir uma tarefa na rua, tem um enfrentamento, fere, mata alguém, enfim... não está respaldado. E aí, daqui a pouco, tem alguém meu submetido na Justiça a júri popular. Terceiro fator: legitimidade. Não podemos perder legitimidade. O Exército tem legitimidade por quê? Porque contribui para a estabilidade, porque só atua na legalidade. Pelos índices de confiabilidade que a sociedade nos atribui, as pesquisas mostram repetidamente, colocam as Forças Armadas em primeiro lugar. E, por fim, essa legitimidade vem também da coesão do Exército. Um bloco monolítico, sem risco de sofrer qualquer fratura vertical. Por isso as questões de disciplina, de hierarquia, de controle são tão importantes para nós. O Exército está disciplinado, está coeso, está cumprindo bem o seu papel. 


Em Jornada Climática, Defesa debate impactos das mudanças ambientais nas operações militares



Foto: Tereza Sobreira

Além de palestras com integrantes das Forças, as exposições contaram com profissionais dos ministérios do Meio Ambiente; Relações Exteriores; Integração Nacional; Ciência, Tecnologia e Inovação; e do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).
Logo pela manhã, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Fernando Perondi, explicou o funcionamento de seu órgão. Ele disse que a instituição está dividida em três camadas: acesso ao espaço, infraestrutura espacial e aplicações. Esses setores cuidam de temas como meteorologia e ciência do sistema terrestre, entre vários outros.
Perondi mostrou, também, como são gerados cenários futuros para chuvas, precipitações e temperaturas, no formato de gráficos. “Esses mapas servem de entrada para outros estudos”, alertou. Com tecnologia, as prospecções são realizadas em períodos bem espaçados, como os anos de 2040, 2070 e até mesmo 2100.
Sobre o clima, destacou que de acordo com estudos do Inpe, a tendência é que a temperatura seja cada vez mais quente em toda a América do Sul. No Brasil, o máximo de aquecimento será na região Centro-Oeste em todas as estações do ano. No caso das chuvas, haverá aumento no extremo oeste da Amazônia.
Forças Armadas
A apresentação da Marinha ficou a cargo do capitão-de-fragata Felipe Santos. O oficial citou alguns eventos climáticos que já estão em andamento no país, tais como ondas de calor, chuvas pesadas, furacões, inundações e secas, geleiras e niveis do mar subindo.
“A mudança no clima de ondas pode alterar o transporte de sedimentos e a morfologia costeira, gerando impactos sobre as estruturas e benfeitorias, como, por exemplo, em instalações portuárias”, falou.
A nível mundial, segundo ele, pode haver escassez de alimentos, água potável, energia e terras agrícolas, o que geraria aumento das tensões entre países e colapsos econômicos. 
Para o capitão-de-fragata, “o acompanhamento e as possíveis consequências das alterações climáticas devem estar previstas nas estratégias de defesa e segurança nacionais. É fundamental o monitoramento de dados ambientais e a realização de estudos científicos para refinar as projeções e permitir a reavaliação regular dos riscos, vulnerabilidades e oportunidades”.
Já o Exército ficou sob a responsabilidade do coronel Moacir Rangel Junior. Ele acredita que é necessária uma nova estruturação da Força Terrestre, já que a instituição vem sendo constantemente empregada para ações de ajuda humanitária no caso de catástrofes naturais. Por conta disso, está em experimentação doutrinária uma equipe do Exército só para atuação nessas situações. Inicialmente, os testes acontecem em Recife (PE).
Foto: Gilberto Alves

O coronel exemplicou, ainda, iniciativas sustentáveis em curso. Uma delas é o programa de baterias de sódia da Usina de Itaipu, que servirá, por exemplo, para suprir energia dos pelotões especiais de fronteira. A tecnologia recarrega o equipamento por meio de força eólica ou solar.
No que diz respeito às soluções para o problema do clima, o militar sugeriu que o tema seja estudado pelo Estado-Maior do Exército e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia da Força. “Não existe, ainda, nenhum desdobramento da temática em curso.”
Por fim, a Aeronáutica apresentou os impactos das mudanças climáticas nas operações aéreas por meio do tenente-coronel Paulo Roberto Bastos de Carvalho. De acordo com seus estudos, com a variação de temperatura, há diferença no desempenho das aeronaves.
Também advertiu que, com o tempo, os aeroportos sofrerão impactos e a malha aérea deverá ser alterada. Acerca do aumento no nivel do mar, detalhou que as consequências vão de encontro à alta incidência de tempestades, principalmente em áreas costeiras.
“O Brasil vai sofrer grandes variações climáticas de Norte a Sul e vai impactar nas operações aéreas. É uma situação nova para a Força que deverá ser pensada”, afirmou.
O chefe da Assessoria de Doutrina e Legislação da Defesa, general Manoel Lopes de Lima Neto, acrescentou que no caso do ministério, já existe um protocolo de intenções para atuação em casos de desastres naturais, quando o apoio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica é solicitado. “Este memorando é em conjunto com os ministérios da Integração e da Saúde.”
Por Marina Rocha
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa

domingo, 27 de setembro de 2015

Hidrovia do Madeira coloca Rondônia na rota de grandes transportadoras
A MSC é especializada no transporte de contêineres, possui 475 navios e 200 portos
Por DECOM-RO

Balsa no Rio Madeira
Porto Velho, RO  - A segunda maior empresa do mundo em transporte marítimo, a Mediterranean Sphipping Company (MSC), opera há um mês a rota a partir de Porto Velho, que conecta Rondônia com os principais portos do planeta. As operações realizadas superaram todas as expectativas em razão do potencial produtivo do estado, conforme revelaram membros da diretoria na audiência que tiveram nessa quinta-feira (24) com o governador Confúcio Moura.
A MSC é especializada no transporte de contêineres, possui 475 navios e 200 portos. A infraestrutura possibilita alcançar cinco mil locais em todo o mundo. Toda esta experiência está, agora, focada nas importações e exportações através da hidrovia do Madeira.
Segundo o presidente da MSC no Brasil, Elber Alves Justo, as operações pelo rio Madeira se justificam pela redução do custo do frete e de tempo em relação ao porto de Santos (SP), por exemplo.
A empresa vislumbra na nova rota atender com vantagens Rondônia, Amazonas e Sul do Mato Grosso. A hidrovia do Madeira é vista como estratégica também para os países mais próximos.
Pela hidrovia devem passar madeira, grãos, pescado e carne bovina, entre outros, para mercados como a Europa e Ásia. Por essa via, o frete é mais barato e o tempo é reduzido, segundo o secretário estadual da Agricultura, Evandro Padovani. A madeira produzida em Ariquemes, que é utilizada como dormentes, e atende à malha ferroviária da Inglaterra, também poderá chegar ao seu destino através dos contêineres.
Padovani participou recentemente de negociações com autoridades bolivianas da região do Beni, na fronteira com o Brasil, e destacou que a rota da MSC vai favorecer as operações que os vizinhos pretendem realizar através do rio Madeira.
FERROVIA
Além de elogiar a iniciativa da empresa de transportes, o governador Confúcio Moura manifestou que esta rota pode estabelecer, num formato diferenciado, a exportação de borracha que a Bolívia pretendeu realizar através da Ferrovia Madeira-Mamoré. A estrada de ferro funcionou por algumas décadas e acabou desativada por se tornar inviável economicamente. Ele comentou: “As expectativas comerciais renascem desta vez com outros propósitos”.

Segundo o governador, o estado aproveitará melhor o momento aumentando a produção de alimento. Ele anunciou que o assoreamento do rio Madeira, preocupação dos empreendedores, será objeto de conversação com o governador do Amazonas, José Melo, outro beneficiado com as operações do transporte de cargas. Conforme Confúcio, a conjuntura atual não é favorável para esperar por ajuda do governo Federal para a dragagem do rio e as soluções locais são mais objetivas.
Gilberto Maciel, diretor da empresa SC, que é a operadora da MSC na região, explicou que as operações iniciaram há um mês, com projeção de 80 contêineres por mês. “As expetativas foram superadas e conseguimos alcançar este volume por semana. É um resultado surpreendente”, comemorou.
Para Rubens Nascimento, superintendente de Desenvolvimento de Rondônia, o empreendimento iniciado pela MSC é resultado de prospecção que apontaram vantagens na utilização de Porto Velho como base logística para o transporte de cargas em contêineres. Ele prevê que outras empresas também passarão a utilizar esta rota, que se apresenta como a mais promissora para o País, uma vez que está mais próxima do canal do Panamá, e de lá pode chegar mais rápido aos demais mercados. “As discussões sobre a construção da ponte interligando Brasil e Bolívia farão parte deste novo cenário”, acrescentou.
Também participaram da audiência, o diretor de Comércio Internacional da MSC, Laurent Van Der Voo; o vice-presidente da empresa no Brasil, Elmer Alves Justo; o diretor Comercial no Brasil, Rui Lourenço; e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Maurão de Carvalho.


Forças Armadas terão novo modelo de carteira de identidade
Novo layout será definido entre Defesa e comandos militares único para as três Forças
Fonte: Ministério da Defesa
Militares do serviço ativo da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além de inativos, dependentes e pensionistas, vão contar com novo modelo de carteira de identidade. O Decreto n° 8518, de 18 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial de segunda-feira (21/09) dispõe sobre o assunto. A identificação será uma atualização mais completa dos documentos já existentes e tem o objetivo de unificar esse tipo de registro nas três Forças.

De acordo com o ministro da Defesa, Jaques Wagner, “trata-se de uma importante conquista dos militares brasileiros, já que com a nova identidade, eles poderão ter acesso mais amplo aos serviços das Forças Armadas”.

Normatização  - 
Marinha, Exército e Aeronáutica possuíam decretos antigos acerca do tema. Por conta disso, surgiu a necessidade de uma nova legislação. Desta forma, foi possível inserir em um mesmo documento o amparo para as três Forças.
A iniciativa contou com o apoio da Secretaria-Geral do Ministério da Defesa (MD). Agora, o Departamento de Pessoal do MD vai se reunir com os comandos militares para definir qual o layout (modelo) a ser adotado, se ele será único ou sofrerá alterações para atender às necessidades de cada instituição. Após este período, as características constarão em portaria da Defesa.
Os documentos antigos, já expedidos pelas Forças, permanecem válidos em todo o território nacional. A mudança não é obrigatória. A normatização começará a valer a partir de 1º de janeiro de 2016.


Senadores da Região Norte se unem para solicitar imediata e efetiva implantação do CBA

Os parlamentares são contrários à decisão do Mdic de entregar a gestão do CBA ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
Brasília, 26 de Setembro de 2015
ANTÔNIO PAULO

Várias tentativas de gestão foram idealizadas, mas nenhuma resultou em implantação efetiva do CBA (Antonio Lima – 28/08/2009)
Senadores de vários partidos e Estados da Região Norte preparam um manifesto ao ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro Neto, pedindo a imediata implantação do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA).
Os três senadores amazonenses já assinaram a moção de apoio. Agora, o documento está recebendo as assinaturas dos deputados federais dos sete Estados da Amazônia. Os parlamentares são contrários à decisão do Mdic de entregar a gestão do CBA ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Mentora da ideia do manifesto, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) diz ao ministro Armando Monteiro que os 11 parlamentares do Amazonas e de toda a Região Norte estão convictos da importância do Centro de Biotecnologia da Amazônia para a promoção da inovação tecnológica a partir de produtos e processos da biodiversidade amazônica como forma de contribuir e responder ao desenvolvimento sustentável da região e “clamam por uma urgente definição de gestão e governança do órgão, bem como da sua personalidade jurídica.
O manifesto dos parlamentares da Amazônia conta que o CBA surgiu no âmbito de um projeto estruturante (Probem/Amazônia-Mdic (Suframa), Ministérios de Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI) e Meio Ambiente (MMA), com foco em bioprospecção de fitofármacos, fitoterápicos, cosméticos e alimentos funcionais.
Diz ainda que o CBA é constituído por 25 laboratórios, um núcleo de produção de extratos, uma planta-piloto de processos industriais, uma incubadora de empresas de base tecnológica, um núcleo de informação biotecnológica, um show-room (museu) e áreas de apoio ao empreendedorismo e gestão da inovação.
Tem como objetivos: desenvolver parque bioindustrial na Amazônia; serviços tecnológicos estratégicos; novos produtos e processos biotecnológicos; capacitação de recursos humanos. “E apesar de toda a importância dessa instituição de pesquisas da Amazônia até a presente data a mesma não tem sequer personalidade jurídica definida, o que é inadmissível”, conclui o manifesto assinado por 15 senadores dos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima e dez deputados da região. Vanessa informou que agora o trabalho é colher assinaturas de todos os 40 deputados dos cinco Estados que estão ligados ao centro.
Folha
Segundo pesquisadores do Centro de Biotecnologia da Amazônia ouvidos pela senadora Sandra Braga, o que está sendo proposto no edital é praticamente o necessário exclusivamente para cobrir os custos com a folha de pagamento. O custeio não está explicitado no edital, que prevê a seleção de apenas seis projetos de pesquisa.
Pontos Histórico do CBA
2002 - inauguração;
2004 - início das atividades;
2005 - criou-se a Associação de Biotecnologia da Amazônia (ABA), entidade gestora. Não obteve sucesso devido a graves problemas;
2006 - o TCU determinou que fosse resolvido em 180 dias o modelo de gestão e plano estratégico do CBA, o que não se efetivou.
2008 - foi constituído um Comitê lnterministerial (CI-CBA - MDIC, MMA, MCT, MOA, MS e MAPA), com o Decreto de 04/06/08, para em 90 dias definir o modelo de gestão do CBA. Não obteve sucesso;
2010 - foi enviado à Casa Civil minuta de um Projeto de Lei com a proposta de criação da empresa público-privada para gerir o CBA; Não obteve sucesso.
2015 – Mdic e Ministério do Planejamento entregaram a gestão do CBA ao Inmetro.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Bolívia obtém primeira vitória em reivindicação por acesso ao Pacífico
MARIANA CARNEIRO
DE BUENOS AIRES
24/09/2015  18h25
O tribunal internacional de Haia, na Holanda, decidiu que tem competência para julgar o pedido da Bolívia de obrigar o Chile a negociar um acesso ao vizinho ao Oceano Pacífico.
A decisão é a primeira vitória da Bolívia na sua histórica reclamação por um acesso soberano ao Oceano Pacífico. E é também um trunfo político favorável a Evo Morales, que tenta aprovar uma lei que permitiria sua quarta eleição consecutiva.
Por 14 votos a dois, os jurados do tribunal refutaram o pedido do Chile de arquivar a demanda boliviana, uma vez que o assunto foi alvo de um tratado de paz assinado pelos países em 1904.
David Mercado/Reuters
Presidente da Bolívia, Evo Morales, segura barquinho de papel em frente de vice, Álvaro García Linera
A corte informou, porém, que não determinará o resultado da negociação entre os dois países. Ou seja, não dirá se a Bolívia tem direito ao acesso ao mar. Os juízes informaram que apenas abordarão o pedido feito pela Bolívia de que o Chile seja obrigado a reabrir negociações sobre o tema.
Mesmo com pequeno potencial de dano ao território chileno, a decisão pode ferir a imagem já debilitada da presidente chilena Michele Bachelet, que vive uma crise de popularidade após a revelação de casos de corrupção envolvendo políticos de todos os partidos e até seu filho, Sebastián Dávalos.
"Apesar de ter tentado dar a imagem de que se trata de um tema transversal, uma política de Estado dos mais distintos setores políticos chilenos, as primeiras reações podem afetar Bachelet", disse à Folha a professora Paz Millet, do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade do Chile.
"Novamente o país estará envolvido em um tema na corte de Haia, gastando recursos e tempo em um momento em há um chamado à austeridade e quando está muito questionada a imagem dos políticos chilenos", acrescentou.
Morales, por sua vez, começou nesta quinta mesmo a capitalizar a decisão. Edifícios públicos estenderam a bandeira da demanda oceânica e movimentos sociais simpáticos ao governo organizaram festejos em La Paz e em outras cidades do país. Em coletiva, o presidente boliviano se disse satisfeito.
"Em nome do povo e do Estado boliviano, quero expressar a enorme satisfação pela decisão", disse Morales. "A corte internacional indicou um caminho a seguir. A decisão não apenas dá esperança à Bolívia, como também diz que a demanda, os temas pendentes, se resolvem com diálogo e paz", afirmou.
Já a chilena Bachelet subestimou o resultado: "A Bolívia não ganhou nada".
"Mantemos a convicção de que a demanda boliviana carece de toda a base, pois confunde direitos com aspirações e tergiversa completamente sobre o que foi a história de Chile e Bolívia."
Morales transformou a demanda histórica da Bolívia em uma de suas principais bandeiras políticas e enviou à Haia nada menos do que dois ex-presidentes (Eduardo Rodriguez Veltzé e Carlos Mesa) para advogar em favor do país.
Bachelet, por seu turno, só apareceu ao lado de ex-mandatários nesta semana. Nesta quinta, após a decisão, o ex-presidente Eduardo Frei (1994-2000) convocou o Chile a intensificar uma contracampanha.
"O Chile deve incrementar sua campanha comunicacional para explicar com força e claridade a toda a comunidade internacional os fundamentos que motivam o nosso país, pois o que está em jogo é a estabilidade dos tratados que fixam fronteiras", disse Frei.
A Bolívia cedeu ao Chile uma área de 120 mil km² e uma costa litorânea de 400 quilômetros (equivalente ao dobro do litoral de Pernambuco) após a Guerra do Pacífico (1879-1883).
Vinte e cinco anos depois do conflito armado, Bolívia e Chile assinaram um tratado de paz em que o Chile se comprometia em indenizar a Bolívia e oferecer facilidades no acesso aos portos da região dominada.
Os bolivianos, porém, tratam o tema como uma injustiça histórica contra o país, alegando que a Bolívia terminou enclausurada e com restrições ao seu desenvolvimento econômico.