terça-feira, 31 de março de 2015


'Homem do Ano' é um perigo

Se considerasse os antecedentes, o ministro Levy deveria pensar duas vezes antes de aceitar a comenda do Council of the Americas

Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está brincando com fogo. E não se pense que corre risco por causa das declarações polêmicas que costuma fazer e que o obrigam a redigir apressados desmentidos, como aconteceu neste fim de semana. A ameaça vem de uma honraria que ele receberá da entidade Americas Society and Council of the Americas. Recebido como o técnico capaz de corrigir o rumo da economia brasileira, devolvendo-a aos cânones liberais, Levy, recentemente incensado pela revista inglesa “The Economist”, será homenageado pelos executivos norte-americanos com o título de “Homem do Ano”.

A premiação pretende servir de contraponto aos ataques que o ajuste fiscal vem sofrendo por parte de parlamentares e economistas à esquerda. Com a solenidade, marcada por um jantar em Nova York, o mundo de negócios quer deixar claro que aposta todas as fichas em Levy, ex-aluno da Universidade de Chicago.

Em princípio, o prêmio do Council of the Americas deve deixar o ministro envaidecido e orgulhoso. Afinal, Levy vive o momento mais alto de sua trajetória profissional. Mas, se considerasse os antecedentes, ele poderia pensar duas vezes antes de aceitar a honraria. Houve um tempo em que o título de “Homem do Ano”, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, tornou-se sinônimo de maldição. Uma espécie de caveira de burro. Toda vez que se falava na homenagem eram citados os casos de dois brasileiros que caíram em desgraça depois da festança em Manhattan: Ernane Galvêas e Mário Garnero. Presidente do Banco Central e ministro da Fazenda no governo João Figueiredo, Galvêas conquistou o “Man of the Year” em 1983, durante as negociações da dívida externa com o FMI. Logo depois, foi acusado de desviar um avião de passageiro para desembarcar em Brasília e nunca mais recuperou o prestígio.

O empresário Mário Garnero, próximo a Galvêas e Delfim Netto, construiu entre os anos 70 e 80 um conglomerado financeiro, o Brasilinvest. Despachava em salas panorâmicas, do alto de imponentes torres que mandou erguer na av. Faria Lima, no coração de São Paulo. Em 1983, recebeu em Nova York o prêmio “Special Merit Award”, concedido pela American Chamber of Commerce, e também o de “Homem do Ano”. Com a economia em crise, o negócio fez água e, em 1985, Garnero foi acusado de desviar US$ 95 milhões, dos clientes de seu banco para contas fantasmas. Em março, o Banco Central decretou a intervenção no Brasilinvest e, em setembro, veio a falência. Na história da honraria, há exemplo ainda pior: o do vice-presidente do Morgan Guaranty Trust, Antonio Gebauer. De origem venezuelana, Tony Gebauer foi representante dos bancos estrangeiros na negociação da dívida externa brasileira em 1983. Amigo de homens públicos e de empresários nacionais, gostava de charutos e usava suspensórios coloridos. Era quase um socialite. Até que, em 1985, foi acusado de desviar US$ 6 milhões de contas de correntistas. O simpático e fanfarrão Tony passou oito anos na prisão.

Ao receber a mesma comenda em maio de 2013, no Waldorf Astoria, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, fez mossa quando foi informado sobre a maldição. “Sou um homem de muita fé”, disse Coutinho ao colunista Giba Um. Pelo visto, o ministro Joaquim Levy também não acredita no azar. Então, boa sorte para o mais novo “Man of the Year”.

 

Força de Pacificação inicia desocupação do Complexo da Maré

Publicado em Terça, 31 Março 2015 17:50 | Última atualização em Terça, 31 Março 2015 18:55

Brasília, 31/03/2015 – Após quase um ano do início da Operação São Francisco, de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para a Pacificação do Complexo da Maré, os militares das Forças Armadas iniciam a desocupação da área de 7 km² às margens da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. O processo de retirada dos homens da Marinha e do Exército começa nesta quarta-feira (1º/04) e será concluído em 30 de junho, quando as organizações de segurança pública fluminenses reassumirão a responsabilidade integral pela localidade, onde vivem aproximadamente 140 mil pessoas.

Foto: Felipe Barra

 

Desde abril de 2014 na Maré, Forças de Pacificação iniciam a desocupação pela Praia de Ramos e comunidade de Roquete Pinto

As comunidades de Roquete Pinto e Praia de Ramos serão as primeiras a serem entregues ao governo do Rio (veja arte abaixo). De acordo com o Chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, almirante Ademir Sobrinho, o atual efetivo de 3,3 mil militares empregado na Operação será reduzido em um quarto até o final de abril.

Já a partir de 1º de maio, as comunidades de Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda e Parque Maré serão desocupadas pela Força de Pacificação. As demais localidades serão devolvidas ao controle das organizações de segurança pública do Estado do Rio até o dia 30 de junho, data oficial de encerramento da Operação São Francisco.

O documento formalizando o cronograma de conclusão da GLO foi enviado pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando “Pezão” de Souza, à Presidência da República no último dia 25 de março. O ofício do Palácio do Planalto chegou ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) na última segunda-feira (30).

Balanço

Até o último dia 29 de março, a Operação São Francisco contabilizava mais de 65 mil ações realizadas. Os 16,7 mil militares que atuaram na GLO efetuaram 467 prisões por crime comum e outras 116 por crime militar. Também foram recolhidos 228 menores.

 

Entre as apreensões, foram 521 de drogas, 54 de armas, 119 de munições (3692 cartuchos), 56 veículos e 87 motocicletas. Além disso, foi notável o apoio da população da Maré aos militares: foram mais de 2,2 mil denúncias feitas pelo Disque Pacificação.

O almirante Ademir Sobrinho avalia que a Força de Pacificação desempenhou sua missão com bravura e correção, sempre respeitando os direitos da população local e criando condições para a retomada da área pelas organizações de segurança pública do Rio de Janeiro.

Entretanto, o almirante acredita que o trabalho na Maré tem sido mais complexo e árduo do que outras operações de GLO comandadas pelo Ministério da Defesa, como a ocupação do Morro do Alemão, também no Rio de Janeiro, em 2010. Para Ademir Sobrinho, a topografia plana, a grande concentração populacional e a escassa presença de representantes do Judiciário estadual – para a expedição, por exemplo, de mandados de busca e apreensão - dificultaram o andamento das ações.

Garantia da Lei e da Ordem

A área na qual as forças militares estão empregadas pela Operação São Francisco está restrita ao Complexo da Maré, na região metropolitana do Rio de Janeiro – mais especificamente: Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Conjunto Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiro – Salsa & Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança.

A GLO assegura aos militares das Forças Armadas o poder de efetuar prisões em flagrante, patrulhamentos e vistorias. Seu emprego se dá por meio das seguintes legislações: Lei Complementar nº 97/1999; Decreto nº 3.897/2001 e artigo 142 da Constituição Federal.

Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa

 

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Teoria da conspiração ou realidade ?





 

ALGO DE MUITO SÉRIO ESTÁ PARA ACONTECER?

Onde estão as famílias destes milhares de invasores haitianos, senegaleses e congoleses? Só entra homem em idade militar com físico de militar, corte de cabelo militar? Não entram velhos e nem crianças !!

Onde estão suas famílias, seus filhos, suas mães e pais, suas namoradas, suas esposas, sobrinhos etc etc. Estão vindo fazer turismo aqui no Brasil? ou estão aqui para integrar forças militares ao lado das FARC, militares Cubanos, Venezuelanos, Bolivianos, Colombianos, MST, MTST, Força Nacional, Comando Vermelho (CV) Comando da Capital (CCP) e outros do mesmo nível de bandidagem, criminalidade e terrorismo?

Nunca foi tão fácil entrar em Território Brasileiro pois as fronteiras estão escancaradas para o narcotráfico, tráfico de armas de guerra, entrada de criminosos de todos os tipos e nacionalidades.

O Brasil virou terra de ninguém ainda mais agora que pelo UNASUL todas as Nações Sul Americanas foram unificadas na "PÁTRIA GRANDE" COMUNISTA e para tal deixam de existir fronteiras e espaço aéreo com o Governo Federal dando todo tipo de apoio (passaporte, cidadania, salario, bolsa família, bolsa invasor, bolsa moradia etc etc) a todos os invasores do nosso Território que virou a Casa da Mãe Joana.

A justiça sem força é impotente. A força sem justiça é tirana". (Blaise Pascal)

" A verdade marcha e nada conseguirá detê-la”. (Èmile Zola)

 

sexta-feira, 27 de março de 2015


Primeiro trecho do programa Amazônia Conectada será inaugurado em abril

 

Brasília, 25/03/2015 – O Amazônia Conectada é um projeto do governo federal pioneiro que vai levar serviços de Internet, via banda larga, a comunidades do interior da região amazônica. A implantação dos cabos de fibra ótica, que conta com apoio do Exército Brasileiro, foi tratada pelos responsáveis pelo programa com o ministro Jaques Wagner em reunião nesta quinta-feira (25).

Foto: PH Freitas

 

Wagner assistiu à apresentação do vice-chefe de Tecnologia da Informação e Comunicações do Exército, general Antonino dos Santos Guerra, sobre o programa

Na reunião, o vice-chefe de Tecnologia da Informação e Comunicações do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general Antonino dos Santos Guerra, fez uma apresentação sobre os benefícios do projeto.

Em abril, o ministro deve participar da inauguração, em Manaus, do primeiro trecho-teste. Esta primeira fase do Amazônia Conectada vai atender 52 municípios entre Tefé e a capital do estado.

Jaques Wagner ficou entusiasmado com a infovia subfluvial, que objetiva implantar 600 km de fibra ótica na Amazônia ainda este ano. Para ele, o projeto é de suma importância para as populações ribeirinhas, principalmente porque terão acesso a programas governamentais de telensino e telesaúde.

Sete milhões de beneficiados

O programa utiliza o leito dos rios da região Amazônica com uma infovia de cabos óticos. O Amazônia Conectada prevê seis infovias subfluviais com cerca de sete mil quilômetros utilizando os rios Negro, Solimões, Madeira e Amazonas como “estradas”.

 
O programa prevê a instalação de 600 km de fibra ótica na Amazônia ainda este ano: 7 milhões de beneficiados

A intenção é que o projeto beneficie sete milhões de pessoas, levando Internet de banda larga e serviços de saúde, educação para comunidades ribeirinhas e populações indígenas.

O projeto ainda deve apoiar o desenvolvimento do Programa Nacional de Banda Larga na região e expandir a infraestrutura de comunicações na Amazônia.

Por Alexandre Gonzaga

Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa

'A Venezuela não ameaça os EUA, mas a Rússia sim', diz especialista em AL

A afirmação é do professor de Relações Internacionais da PUC Minas Javier Vadell que diz que a análise da questão do país governado por Nicolás Maduro deve ser feita no contexto geopolítico

Redação Brasil Econômicoredacao@brasileconomico.com.br

A escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela deve ser lida no contexto geopolítico global, considerando as trocas comerciais, sobretudo de armamentos, da Rússia e da China com o país governado por Nicolás Maduro. A análise é do professor de Relações Internacionais da PUC Minas Javier Vadell, especialista em América Latina. Ele diz que ao classificar a Venezuela como uma ameaça à segurança dos EUA, o governo Obama cometeu um erro. Isso pode reforçar a retórica nacionalista do líder chavista.

 

"Maiores sanções americanas ao regime de Maduro poderiam jogar de vez a Venezuela nos braços de Rússia e China, o que não seria muito inteligente”, diz Vadell

Foto: Divulgação

Os superpoderes dados ao presidente Nicolás Maduro representam uma ameaça à democracia?

É preciso lembrar que esta autonomia ao Executivo foi outorgada com relação à questões de segurança e vai até o final do ano. Isso não é incomum nas democracias latino-americanas, sobretudo em momentos de crise. Já aconteceu na própria Venezuela, aconteceu na Argentina de Carlos Menem, e no Peru de Alberto Fujimori. No Brasil, a noção de medida provisória foi introduzida no período Fernando Henrique Cardoso também para autorizar o poder Executivo a decidir sobre temas de competência do poder Legislativo. Agora, no caso da Venezuela, não chega a ser inconstitucional porque está previsto na lei. Claramente,o posicionamento americano de tratar a Venezuela como uma ameaça à segurança dos EUA catalisou a crise. Vejo isso com estranheza porque há pouco tempo o próprio Obama disse o contrário. Essa retórica diferente enseja uma mudança de prática. Não custa lembrar que da última vez que os EUA fizeram isso foi com relação à Granada e ao Panamá, onde houve invasão. Não digo que acontecerá, mas o fato é que a retórica não se encerra em si.

O Sr. acha que a postura dos EUA dá subsídio ao nacionalismo venezuelano, fortalecendo Maduro?

Sim. A Venezuela passa por uma crise econômica grave. É um país muito dependente do petróleo e viu o barril cair para a casa dos US$ 50, sendo que estava acima dos US$ 100 a relativamente pouco tempo atrás. Essa fragilidade econômica trouxe uma crise de legitimidade parcial porque NicolásMaduro continua com o apoio de grande parte da população e das Forças Armadas, o que não é pouca coisa. Nesse contexto, essa mudança de retórica de Washington fortalece o elemento nacionalista e pode provocar um efeito contrário ao desejado, aglutinando ainda mais o regime frente à cruzada anti-bolivariana liderada pelos EUA.

Foi um erro de Washington?

Sim, foi um erro da política externa de Obama. Não tem muito sentido essa ameaça. Mas há um fator extra-regional nesse caleidoscópio que é o apoio técnico militar e a venda de armas, principalmente da Rússia, mas também da China à Venezuela. O discurso de Obama não é feito em relação ao perigo venezuelano, mas sim em relação à ingerência russa no continente. Já estão acontecendo exercícios militares com assessoria de Moscou , o que é normal quando se quer testar equipamentos novos. Mas isso pesou. Não podemos analisar a questão da Venezuela fora do contexto geopolítico que assiste a um agravamento das tensões entre as potências em torno da Ucrânia. Nesse sentido, maiores sanções americanas ao regime de Maduro poderiam jogar de vez a Venezuela nos braços da Rússia e da China, o que não seria muito inteligente da parte americana.

A oposição venezuelana teme que a concentração de poderes ameace as eleições legislativas este ano. Faz sentido?

A Venezuela tem um histórico de institucionalidade democrática, inclusive sob Hugo Chávez. Portanto, não vejo indícios de que as eleições legislativas poderiam não acontecer. Não há precedentes para tal. A oposição quer se antecipar a um eventual auto-golpe de Maduro para se perpetuar no poder. Mas não vejo como isso poderia ser positivo para ninguém. Criaria um ambiente de tensão e de guerra civil. Por ora, tudo indica que essa retórica nacionalista apenas vai ser explorada por Maduro para obter maioria já nesse pleito . O regime vai se vitimizar frente à ameaça imperialista para se fortalecer.

Analistas apontam o Brasil como a potência diplomática capaz de mediar as tensões nas Américas. Como o Sr. vê isso?

Faz todo o sentido, mas o Brasil está um pouco ausente da política regional. Além disso, essa liderança brasileira tem de se dar no âmbito da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) que, inclusive, já apelou aos EUA para que retirem essa qualificação de ameaça e possíveis sanções para aliviar as tensões. Mas o Brasil deixou de lado a política externa nos últimos meses<MC0>, talvez em função das convulsões domésticas. Isso fez com que o nosso país perdesse um pouco do protagonismo em questões regionais para o Equador, do presidente Rafael Correa.<MC0> Esta é uma oportunidade para a Unasul se consolidar no continente e para o Brasil fazer o mesmo dentro do bloco. Mas isso está muito lento, muito verde.

As tensões com a Venezuela podem atrapalhar a reaproximação entre EUA e Cuba?

Não acho. Embora Cuba já tenha se posicionado a favor da Venezuela, acho que as embaixadas serão reabertas. Essa negociação tem sido bem pragmática.

Colaborou o estagiário Gabriel Vasconcelos

 

terça-feira, 17 de março de 2015


A crise, os economistas e a sorte

Com algumas importantes reformas, e melhorando variáveis externas e a situação política interna, podemos em breve voltar a um circulo virtuoso de crescimento inclusivo

Rogerio Studartrogerio.studart@brasileconomico.com.br

É muito comum ler-se que a crise global está arrefecendo, e que as economias emergentes poderiam promover uma retomada acelerada se adotassem medidas e receituários, que variam de acordo com a persuasão de quem as propõe. Este é o caso por exemplo de uma edição recente da revista inglesa “The Economist”, que tem como ilustração de capa um elefante turbinado — uma alusão ao suposto impacto que boas políticas e reformas têm tido para a recuperação da economia da Índia. Minha leitura (do caso indiano e de outros casos) é distinta: creio que crise global continua um mar de tempestade, e que a retomada do crescimento aqui e acolá se deve mais a circunstâncias do que ao receituário adotado.

Comecemos com a capa da revista. Na Índia, a conta petróleo representa cerca de um terço do total da importações nacionais. Os preços dos combustíveis ainda são fortemente subsidiados. Qualquer oscilação do preço dessa commodity tem impacto direto sobre alguns dos principais indicadores macroeconômicos. Por exemplo, a queda do preço do petróleo em mais de 50% em menos de um ano permitiu à Índia uma simultânea redução do déficit comercial e da inflação, um aumento da competitividade, da produção e da arrecadação de tributos. Por gerar uma enorme queda dos custos dos subsídios aos combustíveis, de quebra melhorou, e muito, a situação fiscal do país. Sem pressões sobre preços, apesar do crescimento da demanda interna, as autoridades monetárias decidiram continuar a reduzir as taxas de juros, agora em cerca de 7% — para evitar “a deflação de preços”, conforme mencionou o presidente do Banco Central indiano Raghuram G. Rajan. Ou seja, gerou-se um ciclo virtuoso a partir de oscilações de um preço completamente externo a qualquer decisão de política dentro do país. Uma questão de sorte mesmo.

Pode causar algum constrangimento o fato de uma recuperação de uma economia emergente ser mais fruto de sorte do que de técnica. Afinal, a maioria dos economistas, de distintas persuasões, prefere crer que há uma receita de bolo para enfrentar crises e alcançar a prosperidade no longo prazo. Mas bastaria olhar a história econômica recente de algumas entre as 20 maiores economias do mundo (G-20) para entender-se que isso não existe.

Tomemos o caso dos Estados Unidos. Depois de anos de produção em queda e desemprego em alta, e frente à obstrução à política fiscal anticíclica de Obama, a economia parece recuperar-se. Por que? Creio que devido à mescla de, pelo menos, três fatores: o “privilégio único” de ter o dólar como moeda tem permitido ao banco central, o Fed, implementar, sem nenhum constrangimento, uma política super-expansionista; segundo, a expansão dos investimentos e da produção de óleo de xisto, uma decisão primordialmente do setor privado e, portanto, não diretamente relacionada à política econômica; e, mais recentemente, pela queda do preço do petróleo, que aumentou o poder de compra da empobrecida classe trabalhadora.

Diga-se de passagem que a recuperação americana ainda não esta garantida por que não se sabe ainda se o crescimento da demanda agregada é sustentável. Por um lado, muitos dos postos de trabalho recém-criados são de contratos curtos e de baixa remuneração baixa, o que restringe o poder de compra da grande classe média. Muito em função disso, o mercado financeiro continua a se recusar a expandir o crédito como outrora fazia. Por outro, o dólar mais forte ameaça reverter os melhores resultados recentes da balança comercial e anular os bons efeitos gerados pelo petróleo mais barato. Por essas razões, muitos temem que a recuperação morra na praia — inclusive o Fed, que se mostra reticente em reverter a sua atual política. Ou seja, mesmo para o poderoso EUA, a sorte tem jogado — e continuara a jogar — um papel fundamental para a recuperação.

No outro extremo estão os membros da União Europeia (UE) que, liderados pela Alemanha, procuraram enfrentar a crise com algumas políticas, digamos, mais convencionais, de austeridade e reformas. Se até recentemente apostava-se que este receituário poderia dar certo, a sorte não tem sorrido para aquela parte do mundo. Assustados com as altas taxas de desemprego, e a crescente instabilidade política interna, há algum tempo os europeus vinham olhando com um mistura de ciúmes e ressentimento o que fazia o Fed no outro lado do Atlantico. No final do ano passado, e começo deste ano, abriram as porteiras, permitindo ao Banco Central Europeu (BCE) implementar um programa de compra de títulos financeiros muito similar ao que os colegas americanos e japoneses vinham fazem. Agora, alguns sinais de recuperação aparecem aqui e acolá, mas o desemprego (especialmente entre os jovens na “periferia europeia”) continua altíssimo. E só aumenta o temor que mesmo essa situação se deteriore, agravada (e agravando) as tensões políticas dentro da UE. Por mais que adotem o receituário que salvou os Estados Unidos da crise, a Europa sabe que precisa de muita sorte para não cair em um cenário de estagnação secular.

A China, alguns diriam, não precisa de sorte: possui quase US$ 4 trilhões em reservas, e uma capacidade política de mudar sua política macro incomparável com outras economias de mercado com sistemas políticos mais abertos. Agora, o governo chinês aponta a possibilidade de reformas para garantir o crescimento no futuro, mas isso é ainda um capítulo a ser totalmente aberto — e tido como incerto mesmo pelos economistas mais convencidos desta rota. Pelo sim e pelo não, o governo tem tomado medidas de estímulo monetário e creditício que, não surpreendentemente, tornam difícil entender o receituário seguido — se algum há. Tudo isso pode fracassar — por exemplo, caso a recuperação global não se sustente, ou se estourar a atual bolha dos mercados financeiros (e especialmente imobiliários) naquele país. Ou seja, vai também depender da sorte.

O Brasil não deixa de estar vivendo uma situação excepcional — por razões absolutamente distintas das economias citadas acima. Apesar de ter reservas tão elevadas quanto a Índia, um setor produtivo sólido, um mercado interno pujante e fundamentos macroeconômicos bons, vive um momento peculiar de inflação alta e dificuldades geradas pelo ambiente político complexo. Nesse quadro, o governo tem implementado correções visando evitar que, frente a um mar de ondas altas e um raio de manobra estreito, não acabemos por bater contra alguns dos diversos obstáculos que se colocam à frente — entre eles, a possibilidade de redução do rating. Nada indica que, com algumas importantes reformas, e melhorando algumas das variáveis externas e a situação política interna, não possamos brevemente voltar a um circulo virtuoso de crescimento inclusivo.

Mais importante do que procurar em exemplos externos receituários, ou contar simplesmente com a sorte, talvez o essencial agora seja manter o olho na bússola e navegar com segurança — e esperar esta tempestade passar.

 

A falta de um horizonte

Compadre de Lula e amigo de Fidel Castro, Frei Betto faz coro com os pessimistas e critica o corte de R$ 14 bilhões no orçamento da Educação

Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br

O que não falta agora são avaliações sobre as manifestações de domingo. Fazendo coro com alguns petistas mais empedernidos, o ministro Miguel Rossetto, escalado pela presidente Dilma Rousseff para defender o governo na noite de domingo, afirmou que o protesto partiu basicamente de gente que não votou em Dilma. Ou seja, perdedores que permanecem inconsoláveis. Bem mais conciliador, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu que os protestos fazem parte da democracia e garantiu que o governo “está disposto a ouvir a voz das ruas”. Ontem, após reunião do conselho político com a presidente, Cardozo bateu na mesma tecla: “A ideia do diálogo não é algo retórico, é algo real e objetivo. Nós queremos dialogar com todas as forças políticas para que possamos buscar encontrar convergências”.

Na avaliação de Cardozo, o denominador comum das manifestações é a crítica à corrupção. E, exatamente por isso, o governo vai anunciar até o fim desta semana o pacote anticorrupção. O Palácio do Planalto está convencido de que os protestos não são especificamente contra a presidente, mas, sim, contra todo o sistema político, daí a importância que também pretende conferir à reforma política. Dá-se como certa uma mudança no núcleo palaciano responsável pela articulação política. O ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, ficará restrito às atribuições da pasta e o deputado Pepe Vargas será substituído à frente das Relações Institucionais. Enfim, Dilma daria sinais de que não é tão irredutível como se diz. A presidente mostraria o jogo de cintura que lhe vem sendo cobrado por aliados, entre eles o ex-presidente Lula.

Se há sinais de avanços na frente política, é de se esperar que haja concessões também na política econômica. Como disse o professor Carlos Alberto Cosenza, da UFRJ, em entrevista ao Brasil Econômico, “quando você toma medidas restritivas, tem que ter medidas compensatórias, é preciso apresentar um horizonte ao empresário”. Ele acusa a falta de um plano de metas e adverte que o governo, em lugar de cortes na Educação, na Saúde e na Segurança, devia melhorar a qualidade de seus gastos. Frei Betto, que é compadre de Lula e fundador do PT, fez crítica semelhante em artigo no jornal O Dia: “O novo lema do governo – 'Brasil, Pátria Educadora' – foi anunciado em um dia e, no outro, R$ 14 bilhões foram cortados da Educação”. O dominicano, que também é amigo de Fidel Castro, não vê luz no fim do túnel: “O país não apresenta perspectivas de crescimento em 2015. A inflação aumenta a cada mês, e o dólar, a cada dia. Não há investimentos à vista”.

Algum integrante do governo poderá fazer pouco da crítica de Frei Betto e argumentar que a política econômica não é propriamente a especialidade do ilustre petista. Acontece, porém, que os técnicos também estão cada vez mais pessimistas. Ontem, o boletim Focus, que traz a previsão das principais instituições financeiras, apontou para inflação de 7,93% e queda do PIB de – 0,78%. Na sexta-feira, em diagnóstico conjuntural, o Departamento Econômico do Bradesco também entregou os pontos. “Nos últimos meses, as surpresas negativas com a economia brasileira têm sido mais intensas e rápidas do que poderíamos esperar. Uma conjunção de elementos domésticos, combinados com questões externas, tem deprimido a economia brasileira, que deve mostrar retração de 1,5% ante queda de 0,5% esperada anteriormente”.

Com a economia embicada para baixo, o mau humor reinante pode aumentar. E atingir também os que votaram em Dilma.

 

França quer reforçar parceria estratégica com Brasil na área de Defesa

Publicado em Quinta, 12 Março 2015 11:56 | Última atualização em Quinta, 12 Março 2015 11:57

 

Brasília e São Paulo, 12/03/2015 – Os setores de defesa do Brasil e da França buscam estreitar parcerias. Para isso, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com apoio do Ministério da Defesa, realizou ontem (11/3) o Seminário e Rodada de Relacionamento Industrial Brasil – França. Nesta quinta (12), o presidente da Associação das Indústrias Francesas Aeroespaciais (GIFAS), Marwan Lahoud, e o embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, foram recebidos em audiência, em Brasília, pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner.

 

 

Wagner recebeu o presidente da Associação das Indústrias Francesas Aeroespaciais (GIFAS), Marwan Lahoud, e o embaixador Denis Pietton

“Foi uma visita de cortesia ao ministro Jaques Wagner”, se antecipou o embaixador Pietton ao deixar o gabinete. O secretário de Produto de Defesa, Murilo Barboza, também participou da audiência no gabinete do ministro Wagner.

Empresas francesas têm desenvolvido projetos e produtos em parceria com as Forças Armadas e a Indústria Brasileira de Defesa, inclusive com transferência de tecnologia. Os mais importantes são o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), desenvolvido conjuntamente com a estatal DCNS; a família de os helicópteros HXBR, parceria com a companhia Eurocopter; e o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), em consórcio com a empresa Thales Alenia Space (TAS).

Seminário Brasil-França

Na Fiesp, especialistas e autoridades do setor avaliaram como reforçar a parceria estratégica, e de longo prazo, entre ambos países. Empresários também tiveram a oportunidade de estabelecer novos negócios.

Foto: Felipe Barra

 

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) é desenvolvido conjuntamente com a estatal francesa DCNS

Durante a abertura do encontro, e o diretor de Catalogação e Núcleo de Promoção Comercial do Ministério da Defesa, Wagner Lopes Moraes Zamith, do Ministério da Defesa, lembrou de convênio assinado pelos dois países em 2008, que resultou em contratos envolvendo submarinos, helicópteros e satélites de comunicação. “Sem dúvida, as transferências de tecnologias criaram trocas reais entre empresas francesas e brasileiras”, afirmou.

O embaixador Pietton lembrou que a consolidação da parceria estratégica franco-brasileira para a indústria de defesa revela a credibilidade do Brasil em relação ao parceiro francês. “A França acredita na estabilidade do Brasil, na facilidade de fazer novos negócios, bem como na alta capacidade tecnológica de desenvolver novos produtos.”, disse.

Para o diretor-titular Departamento de Defesa (Comdefesa) da Fiesp, Jairo Cândido, o encontro na sede da federação é “uma oportunidade de conhecer novos modelos e experiências da França”. Segundo ele, a Fiesp quer contribuir com a indústria de defesa estreitando as relações positivas entre Brasil e França.

Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa (ABIMDE), Sami Hassumi, alertou que “não podemos desvincular este encontro do momento atual de crise econômica”. Ele ponderou, no entanto, que mesmo com um cenário de incertezas é importante trabalhar para a segurança e defesa do Brasil.

Assessoria de Comunicação Social
Ministério da Defesa